Candidatos a prefeito dão mau exemplo e tentam burlar TRE com santinhos e sites na internet
Fernanda Thurler
Depois das irregularidades denunciadas pelo JB na quarta-feira, em que vários vereadores foram flagrados burlando o TRE ao antecipar a propaganda eleitoral, ontem foi a vez dos quatro principais candidatos a prefeito entrarem no jogo do vale-tudo. Em sites pessoais, blogs e comunidades do site de relacionamento Orkut, Solange Amaral (DEM), Marcelo Crivella (PR), Fernando Gabeira (PV) e Alessandro Molon (PT) são citados como futuros sucessores de Cesar Maia, o que, segundo o Tribunal Regional Eleitoral, é irregular. Jandira Feghali (PC do B) era outra irregular.
– O candidato pode manter no ar blogs e sites desde que não faça nenhuma menção à eleição ou à candidatura. Qualquer tópico referente ao próximo pleito, o Tribunal interpreta como propaganda extemporânea. O infrator, candidato ou eleitor, será notificado para retirar a página do ar – explica o chefe da fiscalização do TRE, Luiz Fernando Santa Brígida.
Brígida anuncia ainda que a partir de abril estará pronta a central de fiscalização do Tribunal, onde uma equipe vai se dedicar ao cumprimento da legislação, incluindo as regras referentes à internet.
– Das notificações feitas até agora, a internet foi quem somou menos irregularidades. Por outro lado, é difícil controlá-la porque seu campo é muito amplo.
Candidatos
No site de Solange Amaral foi publicado, dia 29 de fevereiro, uma notícia em que Cesar Maia garante a participação da deputada federal no segundo turno das eleições. Ontem, a reportagem continuava no ar. Segundo o TRE, ficou caracterizada a autopromoção. Além da irregularidade na rede, a candidata do prefeito já distribuiu pela cidade adesivos com o seu nome. Ao lado da Câmara dos Vereadores, o apoio à candidata do DEM era notório.
Marcelo Crivella escolheu como propaganda a divulgação do seu principal projeto, o Cimento Social, que recebe verba do Ministério do Exército. Mês passado, durante o lançamento do programa no Morro da Providência, no Centro, o senador distribuiu folder explicando o programa com os seguintes dizeres: "Em 2004, candidato à prefeitura do Rio, apresentei em meu programa eleitoral o projeto Cimento Social. (...) Agora esse projeto vai se tornar realidade".
– O TRE já advertiu o senador sobre esse folder, ele está proibido de distribuir esse tipo de material – revelou Brígida.
O candidato petista Alessandro Molon tem uma comunidade no site de relacionamento em que é feita a seguinte pergunta aos participantes: "Você acha que Molon já tem todos os requisitos para ser candidato a prefeito do Rio?" O TRE só aceita, no entanto, pesquisas registradas no Tribunal. Portanto, é propaganda extemporânea. Encerrada em dezembro do ano passado, o resultado da enquete continuava no ar ontem.
O deputado estadual alegou que não sabia da existência da página e pediu ao militante do partido, após ser informado, que a tirasse do ar.
– Vou propor ao Ministério Público Eleitoral que envie um ofício ao Google pedindo que ela controle essas comunidades – disse.
Assim como Molon, também foram criadas comunidades sobre Fernando Gabeira. Uma delas é "Quero Gabeira prefeito do Rio". Ele, deputado federal mais votado do Rio com 293.057 votos, se diz favorável à liberdade na internet.
– É quase impossível fazer qualquer tipo de restrição à internet. Por isso, é melhor deixar a rede funcionar no seu ritmo. – argumentou.
Procurados pelo JB, Solange Amaral e Marcelo Crivella não responderam até o fechamento desta edição. A reportagem constatou ainda que Jandira Feghali, pré-candidata do PC do B, também tem um site irregular. No endereço www.jandirafeghali.com, o site abre com a manchete "Jandira lança précandidatura com festa na quadra da Império Serrano". Outra irregularidade para o TRE conferir.
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Grande exemplo, hein! Se já são desonestos agora, antes de eleitos, e Deus queira, não sejam, imaginem depois, quando tiverem poder pra roubar. Já estão burlando a lei, roubando no jogo da eleição. Não votem em quem prova que não tem caráter, respeito pelo próximo nem pela lei.
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