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Daniel Dantas tentou subornar Protógenes Queiroz

Segundo a Polícia Federal, o banqueiro tentou entrar em contato com o delegado para oferecer US$ 1 milhão para deixá-lo fora das investigações



Na saída do depoimento, Daniel Dantas e os outros nove envolvidos foram indiciados por gestão fraudulenta e formação de quadrilha. Gravações da Polícia Federal, obtidas pelo Jornal Nacional, revelaram que Dantas quis entrar em contato com o delegado Protógenes Queiroz bem antes do início da Operação Satiagraha.

É por corrupção que Daniel Dantas vai sentar primeiro no banco dos réus. A Justiça Federal em São Paulo já abriu processo contra o banqueiro, o assessor dele, Humberto Braz, e Hugo Chicaroni, amigo de Humberto.

Os três são acusados de subornar um delegado federal: US$ 1 milhão para deixar Daniel Dantas de fora das investigações.

O relatório policial mostra: mais de dois meses antes da Operação Satiagraha, o banqueiro tentou se aproximar do delegado Protógenes Queiroz, responsável pelo caso. O telefonema é entre Daniel Dantas e o assessor Humberto Braz.

Dantas: “Quem está responsável é esse Protógenes mesmo. Se a gente já sabe quem é o endereço, se não podia entrar em contato?”

Humberto: “Mas o problema é que já entrou e diz que não, não é?”

Dantas: “Não entrou diretamente com..., não?”

Humberto: “Entrou através de pessoas, mas, se entrar diretamente, também vai dizer que não, mas nós estamos bolando um caminho”.

A polícia conclui que Daniel Dantas queria entrar em contato com o delegado para oferecer propina. Humberto Braz respondeu que Queiroz recusaria a oferta.

Foi por isso que, segundo a polícia, Daniel Dantas mandou os emissários atrás de outro delegado, que fingiu aceitar o suborno.

A Polícia Federal está convencida de que as apreensões feitas na semana passada vão revelar mais indícios de corrupção envolvendo o banqueiro Daniel Dantas.

O problema é que, segundo os delegados do caso, falta gente para garimpar as provas em mais de uma tonelada de documentos e computadores. A urgência na perícia foi tema de um telefonema entre o delegado Protógenes Queiroz e um dos diretores da Polícia Federal em Brasília, Paulo de Tarso Teixeira.

O delegado Protógenes Queiroz gravou a conversa nove dias atrás.

Protógenes: “Eu só estou com três policiais para dar continuidade a todas as pendências que existem na missão”.

Paulo Tarso: “Três o quê, agentes?”

Protógenes: “São três analistas da minha equipe. Deslocados, tem só dois peritos”.

Paulo Tarso: “Faz um levantamento da real necessidade de pessoal”.

Protógenes: “Perfeito”.

Paulo Tarso: “Explica para quê que eu estou mandando gente, senão não vou mandar não”.

Protógenes: “Eu já estou te mandando imediatamente”.

Protógenes Queiroz reclamou que os reforços não chegaram até agora e que esse seria um dos motivos para ele deixar o caso.

No fim da tarde, a Procuradoria da República em São Paulo anunciou que vai apurar a denúncia do delegado sobre falta de estrutura para conduzir a investigação.

Em nota, a Polícia Federal declarou que está à disposição do Ministério Público Federal para prestar esclarecimentos sobre o caso.
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