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Natalino é transferido para Bangu 8

Deputado negou todas as acusações e disse não conhecer a expressão Liga da Justiça



Rio - O deputado estadual Natalino José Guimarães (DEM), acusado de chefiar o grupo de milicianos Liga da Justiça, foi transferido para o presídio de Bangu 8, na Zona Oeste, na tarde desta terça-feira. Além de negar todas as acusações, ele disse não conhecer a expressão Liga da Justiça. Ele afirmou ainda que a prisão foi arbitrária e classificou-a como perseguição política.

Natalino foi preso no final da noite desta segunda-feira em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, numa operação que envolveu mais de 100 policiais civis e militares. Cinco suspeitos de integrar a quadrilha, incluindo dois policiais militares, também foram capturados e um deles foi baleado durante tiroteio na rua Rua Itatitara, onde mora o deputado.

Natalino foi levado para 35ª DP (Campo Grande) onde circulou livremente e sem algemas. Ele ficou em sala separada já que não pode ficar em cela por ser palarmentar. Antes de ir para Bangu 8, ele foi levado para o IML de Campo Grande, onde fez exame de corpo de delito. Os outros presos foram levados para a Polinter, na Praça Mauá, escoltados por cerca de 40 policiais.

O deputado é acusado de tentativa de homicídio, formação de quadrilha armada, posse ilegal de armas e favorecimento pessoal. A pena varia entre 10 e 15 anos.

Alerj se reúne quarta

Por conta da prisão, a presidência da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro convocou, em caráter extraordinário, os membros da Mesa Diretora, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e do Conselho de Ética para a reunião na manhã desta quarta-feira, quando serão avaliados os autos de prisão de Natalino e uma possível cassação de seu mandato.

Armas e munições na casa

De acordo com a polícia, um arsenal com dez armas e grande quantidade de munição foram encontrados na casa de Natalino e em seis carros estacionados nas proximidades, que também foram apreendidos. Por volta das 22h, policiais da 35ª DP (Campo Grande), chefiados pelo delegado-titular Marcus Neves, e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) cercaram a casa do deputado, um dúplex na Rua Itatitara 95. Policiais do Regimento de Polícia Montada da PM (RPMont) foram acionados durante o tiroteio para reforçar a ação.

Dentro da casa, segundo Neves, estaria acontecendo reunião entre Natalino e mais 15 membros do grupo paramilitar, que também seria comandado pelo irmão dele, o vereador Jerônimo Guimarães Filho (PMDB), preso desde dezembro.

O delegado informou que os policiais foram recebidos a tiros na chegada e que o deputado tentou fugir em seu carro, mas o parlamentar rebateu a versão, afirmando que se entregou ao ser rendido pelo próprio Marcus Neves.

"Eles não apresentaram nenhum mandado e já foram invadindo a minha casa, dando tiros para todos os lados. Não ia fugir, estava no portão, saindo para dar carona ao meu motorista, e de repente vi vários fuzis apontados para mim. Essa prisão é uma covardia, ela não existe. E não havia nada de errado dentro da minha casa, o Marcus Neves está mentindo", bradou Natalino, que foi logo algemado.

O delegado informou que não precisava de ordem judicial para prender o deputado estadual, que tem imunidade parlamentar, por encontrá-lo "em estado de flagrante", pois na hora Natalino teria praticado os crimes de formação de quadrilha, porte ilegal de armas (uma espingarda e uma pistola), tentativa de homicídio (contra os policiais) e favorecimento pessoal - delitos inafiançáveis e não cobertos pela proteção da imunidade.

Segundo Neves, o favorecimento refere-se ao abrigo que Natalino estaria dando a um foragido da Justiça - Fábio Pereira de Oliveira, o Fábio Gordo, 34, procurado por homicídio e extorsão. Suspeito de ser um dos principais aliados do deputado na milícia, Fábio foi ferido no braço esquerdo durante a troca de tiros.

Além dele e do parlamentar, foram presos o cabo do 27º BPM (Santa Cruz) Rogério Alves de Carvalho, motorista de Natalino, o cabo do Regimento de Polícia Montada da PM (RPMont) Ivilson Umbelino de Lima, o Bibico, que se apresentou no batalhão, o agente penitenciário Wagner Rezende de Miranda, o Waguinho, 52, que seria segurança do deputado, e um assessor dele na Alerj, Júlio César Pereira da Costa, 40. O restante do bando conseguiu escapar.

O braço-armado

Desde o início da operação de combate às milícias na região, a delegacia já prendeu 32 pessoas, entre eles policiais militares e bombeiros. Há cerca de 15 dias, em operação realizada com apoio da Polícia Federal no Rio Grande do Norte, agentes da Draco capturaram o policial civil André Luiz Malvar, genro de Jerominho e apontado como o braço armado do bando.

Malvar foi preso pela primeira vez em agosto do ano passado, na Região dos Lagos, no ataque ao sargento da PM Francisco César Silva Oliveira, o Chico Bala. Na ocasião, a mulher e o enteado do PM morreram. Malvar responde ainda na Justiça pelo assassinato do inspetor Félix dos Santos Tostes, chefe da Favela Rio das Pedras, em fevereiro de 2007.

A caçada da polícia a Malvar começou em janeiro deste ano quando ele fugiu da carceragem da Polinter, o Ponto Zero, em Campo Grande. Malvar responde ainda por formação de quadrilha armada, com Jerominho e Natalino, e mais oito acusados no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio.

O delegado Neves apreendeu uma agenda com a contabilidade da milícia que pode levar à prisão de mais 42 pessoas envolvidas com paramilitares.
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