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Parlamentares ligados a Dantas temem grampos da Operação Satiagraha


RENATA LO PRETE

O silêncio apreensivo que pairava ontem sobre o Congresso diante da Operação Satiagraha decorre de uma certeza: as investigações sobre Daniel Dantas vão resvalar inapelavelmente nas estreitas relações do banqueiro com deputados e senadores de um leque de partidos que vai do DEM ao PT.

Tanto parlamentares que conhecem a Polícia Federal por dentro quanto autoridades do governo afirmam que os nomes dos integrantes da eclética "bancada do Daniel Dantas" só não apareceram nesta primeira etapa de pedidos de busca e apreensão e de prisão porque, para isso, seria necessário pedir autorização ao STF, o que retardaria o início da operação.

Tá no grampo. O medo maior dos parlamentares ligados a Dantas são as gravações de conversas telefônicas que embasaram os pedidos de prisão da Operação Satiagraha.

Entra-e-sai. Graças a intensa pressão da "bancada DD", o primeiro relatório conclusivo da CPI dos Correios não pedia o indiciamento do banqueiro. Gritaria da ala do PT contrária a Dantas, capitaneada por Ideli Salvatti (SC) e Maurício Rands (PE), garantiu o pedido de indiciamento do dono do Opportunity - que acabou não sendo denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando.

Tropa 1. Veteranos da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara afirmam que Daniel Dantas tentou, desde os tempos do mensalão, montar uma bancada para defender seus interesses na comissão. O grupo que atuava nos bastidores era uma mescla de deputados baianos e da antiga bancada evangélica, que minguou na atual legislatura.

Tropa 2. Um dos parlamentares que articulavam os interesses de Daniel Dantas na comissão era Wanderval Santos (PR-SP), mensaleiro que não conseguiu se reeleger.

Filtro. No ano passado, a comissão enviou ofícios pedindo informações à Justiça italiana sobre denúncias de que a Telecom Italia teria pago US$ 300 mil a integrantes da comissão, em 2003. As respostas pararam no Itamaraty e no Ministério da Justiça.

Fio da meada. Para ex-membros da CPI dos Correios, o doleiro Lucio Funaro alimentou o Ministério Público e a PF com informações sobre operações feitas por ele e Naji Nahas, dentro do acordo de delação premiada que fechou na época do mensalão.

Capo. Ex-presidente da Brasil Telecom Participações, Humberto Braz, preso ontem, era tratado pela CPI como braço direito de Dantas. Ele teve quatro reuniões com Marcos Valério em 2004, à época em os fundos de pensão tentavam tirar o banqueiro do controle da empresa.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO
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