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Fazendas seriam usadas para lavar dinheiro


Vasconcelo Quadros - SÃO PAULO

Previsível desde que o Grupo Opportunity passou a comprar grandes extensões de terras no Sul do Pará, há cerca de dois anos, a invasão da Fazenda Maria Bonita, vai se transformar em mais um obstáculo aos investimentos do banqueiro Daniel Dantas rumo ao agronegócio e de olho nos grandes projetos voltados para criação de gado de raça e produção de biodiesel. Bem antes de deflagrar a Operação Satiagraha, a Polícia Federal suspeitava que estava em curso um processo de lavagem de dinheiro e já recolhia informações sobre a busca mudança de perfil das propriedades rurais na região.

No centro dos investimentos estão duas empresas controladas pela irmã do banqueiro, Verônica Dantas, e pelo ex-cunhado, Carlos Rodenburgo, a Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, como sede em Amparo (SP) e a Acobaça Consultoria e Participações Ltda, de Três Rios (RJ).

Primeiro alvo

O primeiro grande alvo do Opportunity foi a Fazenda Cedro, localizada a 50 quilômetros de Marabá e tida como um empreemdimento rural modelo na Amazônia. Ela pertencia uma família tradicional da região, os Mutran, tem mais de 9 mil hectares de terra e, de porteira fechada, custou ao banqueiro algo em torno de R$ 85 milhões. Quem ficou com a primeira parcela de 20% foi o fazendeiro Benedito Mutran Filho. O Grupo Opportunity desembolsou mais de R$ 500 milhões para adquirir outras 13 propriedades e hoje já controla cerca de 510 mil hectares e quase meio milhão de cabeças de gado.

Além do agronegócio o banqueiro pretendia construir um complexo portuário na região e, de olho numa possível redivisão regional, também apostava fichas na criação do Estado do Carajás, cuja área seria desmembrada do Pará e Tocantins.

Mais problemas

O problema de Dantas não é apenas o MST. A Polícia Federal investiga a suspeita de que os empreendimentos rurais possam servir para lavar dinheiro obtido no exterior por meio de investimentos irregulares e, na segunda fase da Operação Satiagraha, vai esmiuçar contratos e origem do derrame de dinheiro no Sul do Pará. Para tentar livrar-se das suspeitas de um eventual assédio do banqueiro através de um suposto lobby atribuído pela polícia ao ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, determinou que o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) faça um rigoroso levantamento sobre os negócios já realizados pelo Grupo Opportunity na região. A suspeita é de que grande parte das propriedades sejam terras devolutas griladas por boa parte dos fazendeiros que negociaram com Dantas e que, a estas alturas, já embolsaram parte do dinheiro.

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