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Câmara Municipal de São Gonçalo vota saída de vereador preso



Anderson Carvalho

A Câmara Municipal de São Gonçalo marcou para hoje a votação da suspensão do mandato do vereador Edson da Silva Mota, o Mota da Coopasa (PSL). Ele está preso no 1º Distrito Naval, no Rio, desde 13 de agosto, acusado de envolvimento no assassinato do topiqueiro Luiz Cláudio Moreira, em 2006 e de comandar a chamada "máfia das vans". Será votado em sessão plenária parecer da Procuradoria do Legislativo recomendando a suspensão do mandato do parlamentar. Caso isso ocorra, ele deixará de receber o salário de R$ 8 mil como vereador.

O argumento da Procuradoria para suspender o mandato de Mota é devido ao tempo em que este se encontra preso e à ausência na Câmara, segundo o diretor administrativo da Casa, Jorge Abicalil.

"De acordo com a Procuradoria, ele está recebendo sem ir trabalhar e a Casa não pode funcionar com um vereador a menos. Se ele for suspenso, será substituído pelo primeiro suplente, Geraldo Cunha (PSB), que ficará no cargo até a saída de Mota da prisão ou 31 de dezembro deste ano, quando termina o mandato dos vereadores da atual legislatura em São Gonçalo", explicou Abicalil, lembrando que Mota não foi reeleito.

Mota da Coopasa obteve 1.444 votos - número considerado insuficiente para garantir uma cadeira no Legislativo pelo PSL. Esta será a terceira tentativa de votação da suspensão do parlamentar. A primeira foi na sessão plenária do último dia 5. No dia seguinte, apesar de ter entrado na pauta novamente, não foi votada. Nas duas ocasiões, a falta de quorum impediu que o parecer da Procuradoria fosse votado.

Na noite do último dia 28, a juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, encarregada de julgar o processo movido contra Mota da Coopasa, decidiu que o vereador será levado a júri popular. A data do julgamento ainda não foi marcada. Na mesma ocasião, o advogado do réu, José Guilherme Costa de Almeida, entrou com recurso contra a decisão da juíza, alegando não haver provas suficientes do envolvimento de Mota no crime.

Um dos filhos de Mota - André, de 33 anos - também foi preso em 13 de agosto. Assim como o pai, ele é acusado de envolvimento no assassinato de Luiz Cláudio Moreira e de ligação com a "máfia das vans" em São Gonçalo. André está preso numa unidade da Polinter, em Neves. Outro filho do vereador, Edson Abreu Mota, de 30 anos, preso na mesma época, foi solto no último dia 28.

Ação comparada à milícia

No último dia 5, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) prendeu 31 pessoas em São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Macaé, Maricá e Nilópolis. O objetivo foi desarticular uma quadrilha que explorava o transporte alternativo irregular em São Gonçalo. Um dos presos foi Edson da Silva Mota - filho também de Mota da Coopasa. Na casa do irmão de Edson, André, os policiais apreenderam computador e documentos.

De acordo com o delegado da Draco, Cláudio Ferraz, o vereador teria conseguido impor em São Gonçalo esquema semelhante ao usado pelas milícias no Rio. Para Ferraz, a quadrilha seria responsável pelo assassinato de cerca de 50 pessoas em dez anos.

O vereador já havia sido preso em 4 de junho de 2007. Na ocasião, fora detido com André. Segundo a polícia, com eles foram apreendidos R$ 25 mil em espécie, cheques, um trator, documentos, uma escopeta calibre 12 e um revólver. Mas o que mais chamou a atenção dos policiais foi um cassetete com a inscrição "estatuto". Mota foi eleito vereador em 2004 pelo PRP, com 3.753 votos.

Em setembro do ano passado, por estar preso, o parlamentar teve o mandato suspenso pela Câmara Municipal e foi substituído pelo suplente Geraldo Cunha, que ficou no cargo durante cerca de dois meses.

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