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Crise da Saúde em Natal coloca em risco pacientes com câncer



Paulo Francisco
Em Natal (RN)

Depois de uma semana da decretação de estado de calamidade pública na Saúde de Natal, a situação continua a mesma em relação à falta de médicos na rede hospitar estadual e municipal, colocando em risco agora também a vida de pacientes com câncer.

A prefeita da capital, Micarla de Sousa (PV), solicitou para o próximo dia 21 uma audiência com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, para pedir ajuda federal. Segundo um assessor da prefeita, a crise na Saúde é resultado de uma disputa entre os médicos e o Ministério Público (MP) que proibiu o governo do Estado de renovar contratos com três cooperativas médicas que prestavam serviços na rede hospitalar pública.

A Promotora de Saúde, Elaine Cardoso, que participou da reunião do Conselho Municipal de Saúde na última terça-feira, disse que o MP é contra a renovação dos contratos com as cooperativas e favor da realização de concursos públicos para contratar os médicos.

A crise atinge agora o atendimento aos pacientes de câncer que precisam de cirurgias e não há médico para realizá-las. No hospital Dr. Luiz Antônio, unidade da Liga Norte-Rio-Grandense Contra o Câncer, mais de 120 cirurgias foram desmarcadas nos últimos 12 dias.

O superintendente da unidade, Roberto Sales, afirmou que a paralisação do serviço - que tinha 900 pacientes na lista de espera - vai "aumentar a angústia" das pessoas que aguardavam o procedimento cirúrgico. "Muitas pessoas certamente perdão a chance de cura", disse Sales. O hospital, que atende exclusivamente pelos SUS (Sistema Único de Saúde), tem 80 leitos, quatro salas cirúrgicas e funcionários trabalhando, mas faltam anestesistas e cirurgiões.

Novas contratações

A governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), anunciou na semana passada que o governo estadual convocaria 131 médicos especialistas aprovados em concurso. Até a última terça-feira, apenas 58 se apresentaram para trabalhar.

A prefeita de Natal também anunciou a contratação de cerca de 200 médicos, mas a Secretaria Municipal de Saúde afirma que ainda está cuidando da parte burocrática dos contratos temporários com os profissionais. O secretário municipal de Saúde, Levi Jales, afirmou que, inicialmente, serão contratados 100 médicos.

O município de Natal tem cerca 500 médicos para atender 80 unidades de saúde, sendo 60 unidades básicas, cinco policlínicas, sete prontos atendimentos, um hospital, nove ambulatórios especializados, duas unidades mistas (maternidade e clínica básica) e uma maternidade que foi inaugurada no final do ano passado e ainda não entrou em funcionamento por falta de profissionais.

Segundo Jales, o contrato da prefeitura com a Coopemed (cooperativa de médicos de várias especialidades) vai vencer em março e não será renovado. Para o secretário, a crise na Saúde é resultado de vários fatores, entre eles o sucateamento da rede pública e o fim dos contratos das cooperativas médicas com o governo do Estado.

"Tem que haver um grande pacto em torno da Saúde, governo, médicos e Promotoria Pública, e todos devem ceder", disse. Desde o final do ano passado, por determinação da Promotoria, o governo do Estado não renovou os contratos com três cooperativas médicas que prestavam serviços nas unidades hospitalares de Natal e Mossoró.

A situação mais crítica envolve a Coopanest (Cooperativas dos Anestesiologistas), que cedia os profissionais para o hospital Walfredo Gurgel, o maior da capital e que atende pacientes também do interior. Muitos pacientes internados ali estão aguardando cirurgias, mas faltam anestesistas e ortopedistas.

Segundo apurou a reportagem do UOL, a cooperativa dos anestesiologistas, a mais forte da área médica local, está pressionando os profissionais aprovados em concurso do Estado a não se apresentarem para trabalhar.

Na reunião do Conselho Municipal de Saúde, que discutiu a crise no setor, o presidente do conselho, Marcelo Medeiros, estranhou que a prefeita decretou estado de calamidade pública em cima de um relatório do sindicato dos Médicos (Sinmed), entidade com representação no conselho. Segundo Medeiros, o representante da classe médica é o que mais falta às reuniões.

O presidente do Sinmed-RN, Geraldo Ferreira, médico anestesista do hospital Walfredo Gurgel, não foi localizado para falar da crise em Natal.

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