Senador diz não reconhecer a credibilidade do relatório; Fernando Sarney afirma que não vai se pronunciar pois o inquérito está sob sigilo
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A conclusão é de relatório da polícia, no qual há transcrições dessas conversas. De acordo com a PF, a sequência de conversas revela "fatos graves", que comprovam "vazamento".
O telefonema de Sarney para o filho ocorre em 28 de agosto de 2008. Um dia antes, o Ministério Público Federal no Maranhão havia dado parecer favorável à prisão de Fernando e a buscas e apreensões em diversos endereços, incluindo alguns do próprio empresário.
Até agora, os grampos já revelados na imprensa indicavam que Fernando sabia apenas que era investigado, mas não que ele tinha informações sobre a iminência de sua prisão e de ações da PF em suas casas e empresas nem que seu sigilo telefônico havia sido quebrado.
De acordo com a PF, as transcrições mostram que Fernando, sabendo o que ocorria, avisou os outros investigados, disse para eles terem mais cuidado ao usar o telefone e a esconder possíveis provas dos crimes que supostamente cometeu.
As ações seriam um desdobramento da Operação Boi Barrica (rebatizada de Faktor), que já levou ao indiciamento de Fernando sob suspeita de formação de quadrilha, falsidade ideológica, gestão de instituição financeira irregular e lavagem de dinheiro. Mas, no início de setembro do ano passado, o então juiz da 1ª Vara Federal de São Luís (MA) Neian Milhomem Cruz negou a maior parte desses pedidos. No relatório obtido pela Folha, a PF diz ao juiz que não adiantaria fazer as buscas deferidas pelo magistrado, porque os locais "já foram devidamente "limpos'".
Os grampos foram feitos com autorização da Justiça.
Na ligação de 28 de agosto de 2008, Sarney pediu a Fernando que ele fosse para Brasília, de onde o empresário havia saído no dia anterior, segundo a PF. "Eu acho que você podia vir o mais rápido aqui", diz Sarney. Após o filho falar que ia "tentar viabilizar" sua volta, Sarney insiste: "Não, venha hoje, tá?".
Pouco mais de uma hora depois desse telefonema, o empresário recebeu outra ligação, de um de seus advogados, com o mesmo teor: ele precisava falar com Fernando "urgente" naquele mesmo dia, em Brasília, pessoalmente. Segundo a PF, ele chegou à cidade à noite.
No dia 4 de setembro, Fernando diz para Gianfranco Vitorio Perasso, outro investigado, não fazer "alarde". "E sem apavoramento também, tá?", diz. Perasso é dono de empreiteiras que, de acordo com a PF, foram usadas para desviar dinheiro de obras públicas.
Minutos após, Perasso liga para um assessor do ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau. Segundo a PF, o ministro participava da rede de tráfico de influência. Ele nega.
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