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Prefeitos dizem que deputado intermediava recursos e negociou com Lupi

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE - FOLHA DE SP

Prefeitos e ex-prefeitos investigados na Operação Esopo citaram, em depoimento à Polícia Federal, o deputado federal Ademir Camilo (PSD-MG) como intermediário de verbas federais do ProJovem aos municípios. O deputado nega irregularidades.

A operação da PF apura fraudes em convênios no Ministério do Trabalho. O ProJovem, ação da pasta, é uma das maiores fontes de recursos sob suspeita de desvio para o IMDC, entidade sem fins lucrativos que é o alvo principal da investigação.

Prefeito de São João da Ponte (MG) por dois mandatos, Fábio Cordeiro (eleito pelo PTB) afirmou, em depoimento nesta segunda (9), que o deputado negociava diretamente com o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi (PDT).

O deputado Ademir Camilo é aliado do Pros (Partido Republicano da Ordem Social), sigla que tenta obter registro na Justiça Eleitoral. O parlamentar já participou de encontros com autoridades junto a líderes do Pros e ajuda na criação da legenda em Minas Gerais.

Camilo, que foi do PDT até 2011, negou à Folha ter feito a intermediação, mas afirmou que chegou a fazer palestras de divulgação sobre o programa do Trabalho, que Lupi comandou até 2011, quando deixou a pasta sob acusação de irregularidades.

O IMDC é uma Oscip de Belo Horizonte que diz prestar serviços em diversas áreas, como gestão, meio ambiente, educação, cultura, lazer e esportes. Seu presidente, Deivson Vidal, está preso, assim como um ex-assessor parlamentar de Camilo.

O instituto teria sido beneficiado por prefeituras que receberam recursos do programa ProJovem, ou contratando sem licitação ou facilitando a disputa, segundo a PF.

O ex-prefeito de São Francisco (MG), José Antônio da Rocha Lima (eleito pelo PT), negou irregularidades no contrato com o IMDC e confirmou "que Ademir Camilo foi quem conseguiu a verba para o projeto que resultou na contratação".

Ex-prefeito de Januária (MG), Maurílio Arruda (PTC), disse ontem à PF que era rival político de Camilo, e que quando assumiu o cargo em 2009 "a emenda parlamentar do deputado Ademir Camilo, que destinava verbas federais do ProJovem, já estava devidamente consignada".

Afirmou ainda que o ex-assessor do deputado preso na operação, chamado Marcos Vinicios da Silva, o procurou para saber por que a prefeitura havia interrompido pagamentos ao IMDC.


Silva é um dos 22 presos da operação Esopo. Há dois meses, esteve envolvido em outra operação da PF e teve a prisão decretada pela Justiça em apuração sobre comércio irregular de precatórios. Em razão disso, foi exonerado do gabinete de Camilo.

OUTRO LADO

O deputado Ademir Camilo negou envolvimento nas irregularidades apuradas pela operação da PF. Disse ter "total desconhecimento e repúdio" em relação a ações do seu ex-assessor parlamentar.

Camilo disse ainda que suas tratativas com Lupi foram apenas no sentido de cobrar um compromisso do então ministro de ampliar o Projovem em Minas.

Ele afirmou conhecer o presidente do IMDG porque ele o convidara a fazer palestras dentro do Projovem e se disse ver as suspeitas contra ele com "certa indignação".

Colaboraram THIAGO GUIMARÃES e RAUL MONTENEGRO


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