Do UOL, no Rio
O titular da delegacia de Belford Roxo (RJ), Felipe Curi, informou nesta segunda-feira (11) que a quadrilha de estelionatários responsável por aplicar golpes bancários em quatro Estados usava uma escola na Baixada Fluminense, hospitais municipais da Bahia e empresas laranjas que alugavam caminhões para lavar o dinheiro. A operação Big Bang impediu que um golpe, que estava em andamento na Bahia, fosse concretizado.
Segundo o delegado, a escola usada no esquema, o Instituto Marcos Richardson, estava indo à falência e foi comprada para servir para a lavagem de dinheiro. "Eles compraram, reformaram e pretendiam vender para a Prefeitura de Belford Roxo por um valor superfaturado, para lavar dinheiro", afirmou Curi.
Já no caso dos hospitais, situados nos municípios baianos de Ilhéus e Itacimirim, a quadrilha comandava a ONG Hospital Popular da Bahia, que administrava as unidades, superfaturavam serviços como compra de materiais médicos e remédios, e cobravam propinas dos fornecedores dos produtos. "Outro esquema de lavagem de dinheiro era o aluguel de caminhões à empresas que estavam envolvidas com o grupo", disse o delegado.
Quinze pessoas foram presas hoje, das quais 11 no Rio de Janeiro, três no Espírito Santo e uma na Bahia, durante a operação da Polícia Civil. Uma pessoa, que não tinha mandado expedido em seu nome, foi detida em flagrante por porte ilegal de arma, no Espírito Santo.
A operação foi deflagrada para cumprir 15 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão. Vinte e um caminhões comprados pela quadrilha e alugados para frete foram apreendidos nesta segunda-feira, sendo 16 em Salvador, quatro no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. A operação é comandada pela 54ª Delegacia Policial, de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e conta com o apoio 200 policiais civis. As investigações começaram em março deste ano.
A quadrilha Universo agia no Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Paraná. Segundo a polícia, o grupo é responsável por causar um prejuízo de mais de R$ 37 milhões a bancos, pessoas físicas e jurídicas, em menos de dois anos. Os suspeitos serão acusados por formação de quadrilha, estelionato e lavagem de dinheiro. Só em ações de estelionato, o grupo praticou 554.
O delegado responsável pelo caso informou que a quadrilha lavava dinheiro de várias maneiras. Os suspeitos aliciavam pequenos empresários para que fizessem empréstimo em bancos e aumentassem o capital social da empresa, cobrando uma taxa de serviço que variava de R$ 50 mil a R$ 200 mil. Quando o capital social aumentava, os acusados conseguiam autorização para maiores empréstimos.
"Na cidade de Salvador foram apreendidos 16 veículos com o integrante da quadrilha que foi preso lá. Foi uma quadrilha que movimentou muito dinheiro com o golpe extremamente complexo. Todos os suspeitos que foram presos fora do Rio de Janeiro serão trazidos para cá até amanhã", disse o delegado.
"Essa quadrilha atua, pelo menos, desde 2011. Eles [os acusados] foram presos preventivamente e suas contas bancárias já foram congeladas. Nós ainda descobrimos que esse grupo doou R$ 400 mil para a campanha política de um prefeito que foi eleito na Baixada Fluminense, em 2012", acrescentou o delegado.
Assessor exonerado
A Prefeitura de Belford Roxo informou que o servidor comissionado Rogério Ramos, um dos 15 presos na operação Big Bang, foi exonerado nesta manhã. De acordo com a assessoria da prefeitura, a exoneração do funcionário, que atuava como assessor na Secretaria de Governo, será publicada no Diário Oficial do Município na terça (12).
A Polícia Civil do Rio prendeu outras dez pessoas no Estado além de Ramos, entre eles ex-candidatos a deputado federal e a vereador, um advogado, um contador, um despachante, um sargento do Exército, empresários e "lobistas" políticos com atuação na Baixada Fluminense.
Com Agência Brasil
0 $type={blogger}:
Postar um comentário