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Contadora diz que Youssef negociou R$ 25 mi com Renan Calheiros (PMDB); senador nega

Meire Poza prestou depoimento nesta quarta à CPI mista da Petrobras.
Segundo ela, presidente do Senado se reuniu com doleiro preso pela PF.


Priscilla Mendes
Do G1, em Brasília

Em depoimento à CPI mista da Petrobras nesta quarta-feira (8), a contadora Meire Poza, que trabalhou para Alberto Youssef, afirmou que o doleiro negociou com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), uma operação financeira de R$ 25 milhões envolvendo o fundo de pensão dos Correios, o Postalis. Preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Youssef é suspeito de ser um dos chefes de um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

Ao G1, a assessoria de imprensa de Renan Calheiros negou que o parlamentar do PMDB tenha feito lobby junto ao fundo de pensão para beneficiar a empresa do doleiro. Segundo assessores, “o senador não conhece e nunca ouviu falar em Youssef antes do nome dele "aparecer nos jornais”.

O doleiro, segundo a contadora, entrou em contato com o presidente do Senado para acertar a compra pelo Postalis de R$ 25 milhões em debêntures emitidos pela empresa de turismo Marsans, da qual Yousseff era sócio. Outros R$ 25 milhões, ainda conforme Meire Poza, teriam sido negociados com o PT e com o fundo de pensão da Caixa Econômica Federal, a Funcef.

A assessoria de imprensa do Postalis informou que, por decisão "eminentemente técnica", a compra de debêntures não foi realizada. Segundo a fundo de pensões, "não havia nada na documentação analisada que pudesse ligar o papel aos senhores Paulo Roberto Costa e/ou Alberto Youssef". A assessoria de imprensa da Funcef informou, por meio de nota, que o fundo não fez qualquer investimento em negócios de Youssef.

Em março, explicou Meire, o doleiro preso pela Operação Lava Jato relatou a ela que a negociação com o PT já estaria fechada. Na ocasião, Youssef viajou a Brasília para acertar a “ponta do PMDB” com o presidente do Senado, relatou a contadora na CPI mista.

“Ele [Youssef] havia já resolvido com o PT na Postalis e precisava resolver ainda a ponta do PMDB. Então, ele disse que teria vindo para Brasília para conversar com o senador Renan Calheiros, para acertar essa ponta que era o PMDB. Então, naquela sexta ele falou: até o final do mês, a operação com a Postalis vai sair, que era metade da debênture, eram R$ 25 milhões. Ainda teriam mais 25 milhões que seriam aportados pela Funcef”, afirmou Poza aos congressistas.

O dinheiro captado com a emissão dos debêntures, conforme a contadora, seria usado para saldar dívidas da Marsan e evitar falência da empresa.

A negociação que teria sido acertada com Renan, porém, nunca se concretizou porque Alberto Youssef foi preso dias depois do suposto encontro na capital federal. Com a deflagração da Operação Lava Jato, a Marsans pediu recuperação judicial e fechou seus escritórios.

“Pelo acordo, os fundos de pensão fariam vários pagamentos a Marsans, tanto que, com a operação, ela [a empresa] faliu. Ela vinha enfrentando dificuldades financeiras e esses R$ 50 milhões foram feitos exatamente para salvar a Marsans”, contou Meire.

A contadora admitiu ter contraído um empréstimo de R$ 4 milhões em seu nome junto ao banco Máxima para pagar despesas da empresa de Youssef. “Eu contratei um empréstimo com o banco Máxima e repassei a Marsans”, declarou Meire, que disse ainda nunca ter quitado a dívida com o banco.


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