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Procurador vê corrupção em 'processo de metástase'

Ele afirma que esquemas de propinas não são restritos à Petrobras


Diário do Poder

O procurador da República Athayde Ribeiro Costa, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira, 28, que a corrupção no Brasil é endêmica e está em “processo de metástase”.


“CORRUPÇÃO NÃO ESTÁ ADSTRITA À PETROBRAS, ESPALHOU-SE PARA OUTROS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA”, DISSE O PROCURADOR (FOTO: REUTERS)

Ao revelar detalhes da Operação Radioatividade, 16.ª fase da Lava Jato, o procurador anotou que a corrupção “não está adstrita à Petrobrás, espalhou-se para outros órgãos da administração pública”.

A Radioatividade é a nova fase da Lava Jato e sai do âmbito da Petrobrás – alvo maior de todas as quinze etapas anteriores da investigação. A Radioatividade mira exclusivamente contratos relativos às obras da Usina Nuclear Angra III.

O alvo principal agora é o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás. Ele foi preso em Niterói, no Rio, em regime temporário por cinco dias – o Ministério Público Federal havia pedido prisão preventiva, sem prazo definido, do almirante, mas o juiz federal Sérgio Moro entendeu que a temporária é o regime mais adequado neste momento da investigação.

A força-tarefa da Lava Jato constatou que o almirante recebeu R$ 4,5 milhões em propinas por meio da Aratec Engenharia, controlada por ele.

Parte desse valor, o presidente licenciado da Eletronuclear teria recebido em dezembro de 2014, um mês depois da prisão dos principais empreiteiros do País, na Operação Juízo Finas, deflagrada em novembro.

A Polícia Federal e a Procuradoria da República identificaram um rol de empreiteiras que teriam se reunido para discutir as propinas para o almirante da Eletronuclear: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Odebrecht, Techint, MPE, Camargo Corrêa e UTC.

O esquema de corrupção envolvendo Othon Luiz Pinheiro da Silva foi revelado pelo ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, que fez delação premiada e atualmente cumpre prisão em regime domiciliar.

“A palavra do colaborador por si só não leva a medidas de prisão, ainda que prisão temporária. Com as investigações realizadas corroboramos em grande parte o que foi dito por Dalton Avancini”, declarou o procurador Athayde Ribeiro Costa.

O delator apontou o presidente Global da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra, como o representante da empreiteira que discutiu valores da propina no âmbito das obras de Angra 3.

Os repasses para o presidente licenciado da Eletronuclear teriam ocorrido por meio de empresas de fachada utilizadas pelas empreiteiras. Essas empresas de fachada não tinham quadro técnico para os serviços que teriam prestado.

“O dinheiro pingava nos cofres das empresas até o repasse para Othon”, disse o procurador.

“Há indicativos de que a corrupção é endêmica, estamos vivendo um processo de metástase da corrupção. A gente dá um passo, mostra que a corrupção não está adstrita à Petrobrás, espalhou-se para outros órgãos da administração pública.” (AE)


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