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Suíça abre inquérito contra Eduardo Cunha (PMDB)

A Suíça abriu um processo penal contra Eduardo Cunha, o presidente da Câmara do Brasil, por suspeita de lavagem de dinheiro e bens apreendidos em seu nome, confirmou o gabinete do Procurador-Geral da Confederação Suíça nesta quinta-feira


Luis Nassif

Segundo as autoridades suíças, o processo penal contra Cunha foi aberto "em razão de suspeita de lavagem de dinheiro, posteriormente alargada com corrupção passiva", disse a Procuradoria Geral do país em um comunicado enviado na quinta-feira. 


Eduardo Cunha nega acusações de receber milhões em subornos ligados a um enorme escândalo de corrupção na companhia petrolífera estatal Petrobras (Keystone)
Eduardo Cunha (PMDB)

Em março de 2015, os promotores suíços anunciaram ter descoberto mais de 300 contas em mais de 30 bancos suíços que eles suspeitam estarem ligados ao enorme escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro na empresa estatal de petróleo brasileira.

A Suíça congelou cerca de US$ 400 milhões em contas suíças em sua investigação

Na mesma época, a Procuradoria suíça abriu um inquérito contra o presidente da Câmara Eduardo Cunha, depois que bancos suíços denunciaram movimentos suspeitas de lavagem de dinheiro ao órgão competente na Suíça (MROS, Central de Comunicação de Lavagem de Dinheiro).

Cunha, um dos políticos mais poderosos do Brasil, foi acusado em agosto de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões em subornos decorrentes de um enorme escândalo na gigante petrolífera estatal Petrobras. Cunha nega as acusações.

A Procuradoria Geral da República disse que Cunha não poderia ser extraditado para a Suíça por causa de sua nacionalidade brasileira.

"Por essa razão, a Procuradoria Geral, por meio do ministério da Justiça da Suíça, apresentou um pedido de transferência dos autos da investigação em andamento contra Cunha ao Brasil com o objetivo de que a questão em causa possa continuar a ser investigada e julgada pelas autoridades judiciárias brasileiras", declarou o órgão. 


Cooperação

Em um comunicado na quarta-feira, os promotores brasileiros anunciaram que os promotores suíços tinham encaminhado provas recolhidas na Suíça contra Cunha.

A investigação no Brasil ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal, porque o parlamentar tem foro privilegiado.

Este é o primeiro processo da Suíça a ser transferido para o STF a pedido da Procuradoria-Geral da República e o segundo da Operação Lava-Jato. A primeira transferência de investigação foi a de Nestor Cerveró para Curitiba.

O presidente da Câmara foi denunciado em agosto por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito da operação Lava-Jato. 


Dinheiro pelo ralo

Petrobras estima ter perdido US$ 2 bilhões em um período de 10 anos em contratos inflacionados para empresas que, em seguida, usavam os ganhos para pagar políticos e subornar diretores da própria Petrobras.

Cunha foi acusado de receber pagamentos relativos a contratos para a construção de dois navios de perfuração para a Petrobras.

Entretanto, o político brasileiro, que se recusou a renunciar, tem se tornado uma força por trás dos apelos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Em março de 2015, os promotores suíços anunciaram ter descoberto mais de 300 contas em mais de 30 bancos suíços que eles suspeitam estarem ligados ao enorme escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro na empresa estatal de petróleo brasileira.

A Suíça congelou cerca de US$ 400 milhões em contas suíças em sua investigação e já começou a retornar US$ 120 milhões para as autoridades brasileiras. Os beneficiários das contas suspeitas - que estão na sua maioria em nome de empresas domiciliadas na Suíça - são altos executivos da Petrobras, fornecedores, intermediários financeiros e empresas brasileiras ou estrangeiras que supostamente pagaram subornos, disse em um comunicado o Gabinete do Procurador Geral da Confederação Suíça.

swissinfo.ch com agências


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