Prefeita foi presa na sexta-feira (2) por suspeita de desvios milionários.
Defesa diz que ela pode provar inocência e analisa denúncia do MP.
Do G1 Ribeirão e Franca
O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Gianpaolo Smanio, informou na tarde desta segunda-feira (5) que a prefeita de Ribeirão Preto (SP), Dárcy Vera (PSD), continuou a operar o esquema de corrupção na prefeitura, mesmo após passar a ser alvo de investigação pelo Ministério Público. Em entrevista exclusiva ao Jornal da EPTV, Smanio disse que a prisão se fez necessária para cessar a atividade criminosa e que Dárcy chefiou os desvios.
A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, foi presa na sexta-feira (2) (Foto: GloboNews reprodução) |
“A investigação indica que a prefeita era a chefe da organização, indica que ela tinha proeminência, que ela atuava na organização dessas fraudes e desses crimes.”
Dárcy Vera foi presa na sexta-feira (2) a pedido da Procuradoria-Geral de Justiça, a quem compete investigar crimes envolvendo prefeitos. Ela é mantida na Superintendência da Polícia Federal (PF) no bairro da Lapa em São Paulo (SP), mas deverá ser transferida para uma unidade prisional. O local não foi informado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) por questões de segurança.
A prefeita foi afastada do cargo e, denunciada por corrupção passiva, peculato e associação criminosa. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ela integrou um esquema que desviou R$ 45 milhões dos cofres públicos de Ribeirão Preto.
A advogada de Dárcy Vera, Maria Cláudia Seixas, disse que já teve acesso ao processo e que a defesa analisa a documentação para dar o próximo passo.
Um dos maiores escândalos do Estado
Segundo o procurador-geral, os desvios em Ribeirão Preto formam um dos maiores escândalos de corrupção em prefeituras já investigados pelo Ministério Público em São Paulo.
Dárcy foi apontada como suspeita na primeira fase da Operação Sevandija, deflagrada em setembro pelo Gaeco e pela PF e que apura três frentes: fraude em contratos de licitações da ordem de R$ 203 milhões, pagamentos indevidos de honorários advocatícios pela prefeitura, e corrupção envolvendo nove vereadores da base aliada da prefeita.
Ela foi ouvida duas vezes na Procuradoria em São Paulo, e negou as suspeitas. Entretanto, após quebra de sigilo fiscal e bancário, a investigação do MP indicou que a prefeita apresentou movimentação financeira incompatível com rendimentos brutos declarados, no período de 2010 a 2015, o que pode configurar ocultação de suas fontes de recursos.
“Ela apresentou a versão dela que, para nós, não condiz com a verdade por causa das apurações e das investigações que estão sendo feitas. Negou participação. Insisto, as investigações demonstraram e demonstram que essas negativas são infundadas”, diz Smanio.
Vantagens ilícitas milionárias
De acordo com o presidente afastado do Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto e delator da Operação Sevandija, Wagner Rodrigues, Dárcy fez parte de um esquema que renderia a ela R$ 7 milhões desviados da prefeitura. Além dela, o próprio sindicalista, os ex-advogados da entidade, Maria Zuely Alves Librandi e Sandro Rovani, o ex-secretário de Administração, Marco Antônio dos Santos, e o advogado André Soares Hentz foram beneficiados.
O dinheiro é proveniente do pagamento de honorários advocatícios pela prefeitura à Maria Zuely, que moveu uma causa em nome de 3,5 mil servidores em 1997, referente a perdas salariais do Plano Collor. Como não tinha direito ao recebimento, Maria Zuely prometeu vantagens ao grupo, com a ajuda de seu advogado André Soares Hentz, para receber R$ 69 milhões. Toda a documentação que permitiu o repasse foi fraudada pela quadrilha, com aval de Dárcy, segundo o MP.
“Nós temos provas de fraude, documentos, temos escutas telefônicas, quebra de sigilo fiscal, bancário. Temos provas consistentes no sentido da fraude em licitação, dos peculatos, da associação criminosa, do envolvimento de todas as pessoas que estão denunciadas, inclusive da prefeita, então as provas são bastante consistentes”, diz o procurador.
Na sexta-feira, durante a segunda fase da Operação Sevandija, etapa intitulada Mamãe Noel, a força-tarefa apreendeu anotações em posse de Maria Zuely e que refletem a divisão do dinheiro entre o grupo. A advogada, Rovai e Santos também foram presos.
Para Smanio, esse tipo de elemento reforça a posição da Procuradoria, que defende que o esquema criminoso continuou, mesmo após todos os envolvidos virarem alvo da Justiça. "As anotações apreendidas na segunda fase mostram uma clara demonstração de operação e de que o sistema da quadrilha permanece, que a quadrilha continua atuando. Sobretudo, pela divisão dos valores entre os membros da quadrilha."
Sandro, Rovani, Rodrigues e Hentz são acusados de peculato, corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica e associação criminosa. O pedido de prisão de Hentz foi negado pela Justiça.
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