Zé Roberto da Compensa teria ordenado massacre em presídio do AM.Em 2014, traficante falou abertamente com o então subsecretário de Justiça.
Fantástico
“Nós tem tudo, nós tem dinheiro, nós tem arma, tem tudo. Se mexer com nós, se mexer com nossa família, nós vai mexer.” A voz na gravação é de José Roberto Fernandes Barbosa, o “Zé Roberto da Compensa”, chefe da facção que controla o tráfico de drogas na Região Norte do país.
Major Carliomar Barros, em entrevista ao programa eleitoral do candidato José Melo, nega que tenha negociado voto na cadeia (Foto: Reprodução) |
Ele não está sozinho na gravação, feita dentro da cadeia. Ao lado de outras pessoas, está também o então subsecretário de Justica do Amazonas -- major Carliomar Barros Brandão.
Jose Roberto Fernandes Barbosa: “Que ele prenda nós lá fora com droga, a polícia prendeu com droga eu não to nem vendo. Mas que não venha pertubar nós.”
Major Carliomar: “O que ele quer é sempre a paz na cadeia.”
A conversa aconteceu em outubro de 2014, entre o primeiro e o segundo turno das eleições pra governador. Pouco mais de dois anos depois, em 1º de janeiro deste ano, segundo a polícia, foi Zé Roberto quem deu a ordem para o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus.
Foram 17 horas de rebelião, 56 mortos com brutalidade. Ao todo, 119 presos que conseguiram escapar. A onda de violência nas cadeias se espalhou pela Região Norte.
Causa das rebeliões
De acordo com as investigações, a causa das rebeliões e mortes é uma guerra entre a facção de Zé Roberto, que controla o crime no Amazonas, e um grupo rival, das cadeias da Região Sudeste. A disputa entre os dois grupos não era nenhuma novidade para o governo do amazonas.
Em 2014, o próprio chefão do tráfico falou abertamente sobre o assunto com o então subsecretário de Justiça. As conversas foram gravadas durante um de pelo menos três encontros entre Zé Roberto e o major.
As investigações da Polícia Federal apontam que, a partir das conversas com autoridades do governo do Amazonas, na campanha eleitoral de 2014, os chefes da facção decidiram dar um passo mais ousado e traçaram um plano para as eleicoes seguintes, de 2016. O objetivo era eleger vereadores e prefeitos comprometidos com os interesses da organização criminosa.
Em nota, a assessoria de imprensa do governo do Amazonas diz que “em hipótese alguma compactuou com qualquer organização ilícita” e se disse vítima de 'ataques' de 'opositores e oportunistas'.
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