Relator da reforma política, o petista Vicente Cândido quer impedir que candidatos sejam presos até oito meses antes das eleições
Catarina Alencastro | O Globo
BRASÍLIA - Deputados da comissão de reforma política da Câmara criticaram neste sábado a proposta do relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), de aprovar uma emenda que proíba a prisão de candidatos até oito meses antes da eleição. A regra atual, prevista no artigo 236 do código do processo eleitoral, impede a detenção apenas nos 15 dias anteriores ao pleito.
Vicente Cândido (PT) em seminário organizado pelo PT sobre a Lava-Jato - Edilson Dantas / Agência O Globo |
Dois dias depois da condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cândido resolveu incluir em seu relatório a emenda que altera o código eleitoral, conforme publicou o Estado de S. Paulo. Ao jornal, o deputado admite que a nova regra foi pensada para blindar Lula.
Colegas de Cândido na comissão da reforma política dizem que não foram consultados sobre a mudança e dizem que a proposta é "indecente", um "achincalhe".
— Essa proposta não tem cabimento. Daqui a pouco a candidatura vai ser um passe livre para bandido. É uma ideia infeliz, a famosa proposta indecente. Não fui consultado e vou votar contra. É apenas uma tentativa de blindar bandido para se candidatar — acusa o deputado Espiridião Amin (PP-SC), integrante da comissão.
Outro colega de Cândido na comissão, Betinho Gomes (PSDB-PE) também partilha dessa opinião. Para ele, a proposta do petista é uma "provocação". Assim como Amin, Gomes diz que votará contra.
— Na condição de relator, ele pode apresentar qualquer coisa, inclusive esse abuso. Isso é um achincalhe, uma provocação. É um escárnio com a a sociedade, algo que foge totalmente ao bom senso — avalia o tucano.
Cândido não foi encontrado para comentar sua proposta. Procurado, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) se negou a tratar do tema:
— Não vou repercutir esse assunto — encerrou.
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