Plano previdenciário com déficit de R$ 7,4 bilhões conta com 84,2 mil participantes, que são cobrados desde 2013
Luciana Dyniewicz | O Estado de São Paulo
Entre os beneficiários de fundos de pensão com déficit, os do Postalis (patrocinado pelos Correios) são os que se encontram em situação mais dramática. O corte atual em suas aposentadorias beira os 18% e, até o fim do ano, deverá chegar a 20%.
Renda reduzida: quase R$ 300 são descontados de Chicani Foto: Celio Messias/Estadão |
Dos dois planos de previdência do Postalis, o mais antigo é que apresenta déficit – de R$ 7,4 bilhões. Esse plano tem 84,2 mil participantes e todos contribuem para cobrir o rombo.
Romez Chicani, de 67 anos, vê os descontos sendo feitos de sua aposentadoria mês a mês desde 2013. “Nos enfiaram isso (os descontos) goela abaixo”, diz indignado.
Chicani trabalhou nos Correios como motorista até 2009, quando saiu em um PDV (Plano de Demissão Voluntária). Hoje, deveria ter um benefício bruto de R$ 1.656,79, mas R$ 296,89 (17,92%) são retidos para equacionar o déficit. Outros 2,73% passarão a ser descontados por causa do prejuízo de 2015 – o de 2016 ainda não foi discutido. “É difícil, viu? Para mim, esse valor é muito importante. Dá quase R$ 3 mil por ano. Seria uma viagem que eu poderia fazer com minha mulher.”
Chicani e a esposa vivem com a aposentadoria dos Correios e outra de R$ 3 mil do INSS. Ele se mostra irritado sobretudo com o fato de que os descontos serão feitos por 23 anos. “Acha que vou viver mais 23 anos? Eu vou pagar isso é pelo resto da minha vida”, afirma. “Nos roubaram. Milhões de reais foram aplicados entre aspas. Onde já se viu comprar empresa falida?”
Negligência
Chicani se refere à compra de debêntures do Grupo Galileo, realizada em 2011, que teve como garantia as mensalidades do curso de medicina da Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro. A Galileo, no entanto, acabou falindo. Esse é apenas um dos casos suspeitos em que o Postalis se envolveu. O Tribunal de Contas da União (TCU) já detectou prejuízo de R$ 1 bilhão ao fundo gerado por investimentos negligentes.
A esperança de Chicani – e de outros aposentados do Postalis – é que multas emitidas pela Justiça resultem em indenizações. O acordo de leniência da J&F, por exemplo, resultou em R$ 2 bilhões para a Funcef (fundo da Caixa Econômica Federal) e R$ 2 bilhões para a Petros (da Petrobrás).
O Postalis informou que, desde os escândalos envolvendo o nome do fundo, reforçou as exigências para que um investimento seja aprovado. As análises, por exemplo, passaram a ser feitas pelo Comitê de Investimentos e por um dos órgãos colegiados do fundo. “O Postalis vem trabalhando para melhorar a sua governança e já conseguiu importantes avanços para assegurar que os investimentos sejam feitos de maneira mais segura, transparente e com menor exposição a riscos”, afirmou em nota.
A esperança de Chicani – e de outros aposentados do Postalis – é que multas emitidas pela Justiça resultem em indenizações. O acordo de leniência da J&F, por exemplo, resultou em R$ 2 bilhões para a Funcef (fundo da Caixa Econômica Federal) e R$ 2 bilhões para a Petros (da Petrobrás).
O Postalis informou que, desde os escândalos envolvendo o nome do fundo, reforçou as exigências para que um investimento seja aprovado. As análises, por exemplo, passaram a ser feitas pelo Comitê de Investimentos e por um dos órgãos colegiados do fundo. “O Postalis vem trabalhando para melhorar a sua governança e já conseguiu importantes avanços para assegurar que os investimentos sejam feitos de maneira mais segura, transparente e com menor exposição a riscos”, afirmou em nota.
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