Controle de vereadores sobre postos médicos gera insatisfação
Elizeu Pires
"O posto de saúde do bairro tal 'pertence' ao vereador fulano". Isto é o que mais se tem ouvido no município de Magé nos últimos dias, principalmente depois de uma série de demissões de funcionários contratados temporariamente, sob alegação de queda na receita. O problema é que o prefeito que vem contando centavos para pagar as contas e fazendo das tripas coração para manter os serviços básicos funcionando é o mesmo que tem permitido o loteamento de unidades de saúde para vereadores que, segundo alguns servidores, é quem estariam mandando, indicando diretores e funcionários, o que acaba gerando instabilidade, pois na hora de cortar os gastos quem não tem padrinhoacaba morrendo pagão.
Quando um posto do Programa Saúde da Família muda de "dono", trabalhadores já familiarizados com as pessoas nele atendidas são demitidos para dar lugar a novos indicados, afetando em cheio o atendimento. Na semana passada, por exemplo, uma unidade do PSF de um bairro periférico de Piabetá teria passado de um vereador para outro, o terceiro "proprietário" em menos de um ano.
O controle de unidades públicas por vereadores que ficam responsáveis pela indicação de funcionários não é nenhuma novidade no município, mas isso deixou de acontecer na gestão anterior. No caso do posto de Piabetá, praticamente todos os que nele trabalharam foram demitidos para liberar as vagas para o novo "proprietário", inclusive um agente comunitário de saúde que há mais de dez anos atuava no posto
O uso de setores públicos para interesses políticos de vereadores que integram as bases de sustentação dos prefeitos acontece em quase toda a Baixada Fluminense, mas ao longo dos anos essa prática foi mais acentuada em Magé, onde, em um passado não muito distante, em períodos eleitorais, funcionários temporários atuavam nas campanhas de seus padrinhos e alguns casos assim tramitam na Justiça até hoje.
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