Manobras do desembargador do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) Alexandre Victor de Carvalho podem ter evitado a cassação do mandato do deputado federal mineiro Luís Tibé (Avante).
BHAZ
A Rede Globo teve acesso a gravações telefônicas que expõem o magistrado conversando com o advogado Vinicio Kalild, em 2015, e contando a influência que ele teve em um voto do presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), na época, Paulo César Dias. A Justiça autorizou a interceptação do telefonema.
A Rede Globo teve acesso a gravações telefônicas que expõem o magistrado conversando com o advogado Vinicio Kalild, em 2015, e contando a influência que ele teve em um voto do presidente do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), na época, Paulo César Dias. A Justiça autorizou a interceptação do telefonema.
Rede Globo/Reprodução + Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados |
Luis Tibé era acusado de fazer propaganda eleitoral em agendas de estudantes da rede municipal de Frutal, no Triângulo Mineiro e corria o risco de perder o mandato.
Na conversa com o advogado, o desembargador garante que o cargo de Tibé só foi mantido porque ele pediu para Paulo votar contra a cassação. Com o voto do então presidente do TRE-MG, o parlamentar continuou exercendo o mandato para qual foi eleito.
“Ontem eu consegui um negócio, vou te contar agora. Pra você eu posso contar: o Tibé ia ser cassado”, fala para o advogado. “Ia ser cassado, e Mateus me ligou, da Cemig, né? Me ligou e tal. E eu fui no Paulo, com esse trem todo e o Tibé não foi cassado”, conta em outro trecho.
O desembargador disse que o então presidente do TRE lhe garantiu que só votou contra a cassação, para atender ao pedido dele. “O Paulo deu o voto de minerva e tal. E o Paulo falou assim: ‘Eu dei o voto por você e para você’”.
O placar contra a cassação de Tibé terminou quatro a três, mesmo com o relator do processo e o parecer do MP (Ministério Público) favoráveis à perda do mandato.
Na época do fato, o desembargador Alexandre não integrava o TRE, mas, segundo ele, já possuía influência no tribunal. Atualmente ele é vice-presidente do TRE-MG e corregedor do Tribunal de Justiça.
O desembargador também é investigado pela PF (Polícia Federal).
Posicionamentos
À reportagem da Globo, a defesa de Alexandre Victor disse, em nota, que ele nunca intercedeu em favor de Luis Tibé e destacou que, naquela época, ele não exercia função no Tribunal.
Responsável pelo voto que livrou Tibé da cassação, o desembargador Paulo Cezar Dias afirmou que a decisão dele não teve influência de ninguém e que ele não acatou pedido algum.
O parlamentar envolvido no caso se colocou à disposição para esclarecimentos e disse não ter conhecimento dos fatos. Tibé disse, ainda, que não pediu favores para os envolvidos.
Por sua vez, o TRE-MG informou que confia na seriedade dos trabalhos da corte eleitoral e que os julgamentos da corte são pautados em princípios técnicos e imparcialidade.
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