Policial aposentado recebeu R$ 4.102,32 da campanha à reeleição de Lula quatro dias antes de ir à CPI dos Sanguessugas
O tesoureiro José de Filippi Jr. alega que havia um saldo por serviços prestados, mas Jorge Lorenzetti e Osvaldo Bargas nada receberam
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL - FOLHA DE SÃO PAULO
O policial federal aposentado Gedimar Pereira Passos recebeu, na última sexta-feira, um pagamento de R$ 4.102,32 da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - quatro dias antes de prestar um depoimento à CPI das Sanguessugas e mais de dois meses após ter sido preso, em 14 de setembro, com parte do R$ 1,7 milhão que seria usado para comprar um dossiê contra políticos do PSDB.
O pagamento consta da prestação de contas de Lula entregue ontem ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O tesoureiro da campanha, José de Filippi Júnior, afirmou ontem que o valor corresponde a um "saldo" por serviços prestados por Passos em 14 dias de setembro, antes de seu desligamento (leia texto à parte).
Passos, contudo, foi o único dos três funcionários do comitê envolvidos no caso do dossiê (os outros são os petistas Jorge Lorenzetti, e Osvaldo Bargas) a receber o suposto saldo.
Jorge Lorenzetti, ex-diretor do Besc (Banco de Estado de Santa Catarina) e Bargas, ex-assessor do Ministério do Trabalho, que também teriam sido desligados da campanha logo após a prisão de Passos, receberam apenas um pagamento cada um, no dia 4 de setembro.
Sobre esse ponto, o tesoureiro da campanha de Lula disse que buscaria mais informações com outros funcionários da campanha e poderia prestar informações ainda hoje.
Passos, Lorenzetti e Bargas integravam um "grupo de inteligência" da campanha lulista. Lorenzetti, chefe da equipe, recebeu R$ 15 mil. Bargas, R$ 8,5 mil, mesmo valor pago a Passos no início de setembro.
Passos é personagem-chave do escândalo do dossiê. Ele primeiro afirmou, em depoimento à Polícia Federal de São Paulo, que agiu sob ordens do ex-assessor especial da Presidência da República, Freud Godoy. Dias depois, voltou atrás e o inocentou.
A exemplo de Passos, a empresa registrada em nome da mulher de Freud Godoy, a Caso Sistemas de Segurança, uma empresa de vigilância sediada em São Paulo, também recebeu pagamentos da campanha de Lula após o início do escândalo do dossiê.
Ao longo da campanha, a Caso recebeu R$ 309 mil em 18 depósitos bancários, a título de "prestação de serviços", "eventos de promoção da candidatura" ou "locação de imóvel". A maior parte desse valor, cerca de R$ 250 mil, também foi paga depois de 18 de setembro, quando o primeiro depoimento de Passos, que citava Freud Godoy, foi divulgado pela imprensa.
O pagamento mais alto, de R$ 54 mil, ocorreu na última quinta-feira.
Segundo o PT, o contrato assinado entre a Caso e o comitê durava até o final da campanha. O valor inicial era de R$ 270 mil. Segundo a campanha, a Caso atuou na segurança do comitê de Lula em São Paulo, na avenida Indianópolis.
A Caso também é contratada do diretório nacional do PT, presta serviço de vigilância e guarda da entrada do prédio do partido, em São Paulo.
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