da Folha de S.Paulo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se recusou ontem a comentar a informação trazida pela Folha de que a Gamecorp, empresa que tem seu filho como sócio, é beneficiária de recursos federais.
A empresa de Fábio Luiz Lula da Silva divide com o Grupo Bandeirantes o faturamento obtido com verbas do governo em anúncios na Play TV.
Questionado sobre isso no início da tarde de ontem após evento no Palácio do Planalto, o presidente preferiu brincar com os jornalistas. "Vamos comer, gente. Vamos comer. Deixa o homem comer", disse o petista, sorrindo.
A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, saiu em defesa do filho do presidente.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, Dilma afirmou que "a relação entre a Gamecorp e uma televisão, que assume a forma de compra de horário de televisão, é generalizada no Brasil".
Em seguida, concluiu: "Não é algo inusitado, faz parte de contratos comerciais pelos quais uma empresa ou uma pessoa física ou uma igreja alugam espaço ou compram espaço para veicular seus programas. Acredito que não é possível considerar estranho algo que tem uma certa regularidade na prática das TVs brasileiras. A situação é perfeitamente legal. Outras explicações não têm de ser dadas pelo governo, mas pela Rede 21 e pela Gamecorp".
"O governo não tem nada a esconder quanto a essa questão do financiamento da publicidade estatal. Existem critérios para as diversas televisões, inclusive para a Rede 21", disse o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Já o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) minimizou as informações. "Não há nada que estabeleça que não pode receber. Mas não sou contra que se discuta, com critérios, em que casos deve haver impedimento."
Oposição
Líderes da oposição consideraram "preocupante" e "gravíssimo" o fato de a Gamecorp receber verbas do governo federal por meio de anúncios. Políticos do PFL e do PSDB acionaram advogados para saber se há como contestar os repasses.
"Não pode haver contrato de gaveta em assunto público. É uma fraude", afirmou o líder do PSDB, Jutahy Júnior (BA).
O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), classificou os repasses de "gravíssimos e muito além do razoável": "É o caso de uma transferência direta da União ao filho do presidente".
Presidente da recém-criada MD (Mobilização Democrática), Roberto Freire (PE) disse que "em nenhum país do mundo se permitiria isso". "É um escândalo, o filho do presidente não pode fazer um contrato sigiloso." Na mesma linha foi o líder da minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA). "É preocupante o grau de promiscuidade a que o presidente se permite."
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) considerou o fato "da maior gravidade". "É o governo que está dando dinheiro para a empresa do qual Lula Filho é sócio", disse ACM na tribuna do Senado. "Estamos cansados de, a cada dia, trazer duas, três, quatro denúncias", acrescentou ele.
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 $type={blogger}:
Postar um comentário