LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA - FOLHA DE SÃO PAULO
A compra de votos quase triplicou no ano passado em relação à eleição de 2002, segundo levantamento feito pelo Ibope encomendado pela ONG Transparência Brasil e pela Unacon (União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle).
De acordo com a pesquisa, divulgada ontem, de 3% do total de eleitores que disseram ter sido alvo de tentativa de compra de votos em 2002, o percentual subiu nas eleições passadas para 8% (cerca de 8,3 milhões de pessoas).
"O problema muito provavelmente está influenciando o resultado das eleições brasileiras", disse o diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo.
O Ibope ouviu 2002 pessoas em 142 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Além de dinheiro, a pesquisa considera como moeda de troca objetos, como calçados e roupas, até "favores" oferecidos por funcionários públicos.
Abramo apontou como principais culpados pelo resultado os partidos e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a quem, segundo ele, falta iniciativa para identificar focos da compra de voto e só age quando provocado.
A declaração provocou a reação do presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello.
"É injúria, senão calúnia. É uma injustiça. Pela primeira vez, tivemos propaganda institucional voltada à conscientização do eleitor. A Justiça Eleitoral não é tutora, não vota pelos eleitores. O problema é mais sério: é cultural", disse Marco Aurélio.
Para Abramo, os partidos são passivos em relação aos casos de corrupção.
A região Sul do país apresentou maior percentual de eleitores que admitiram ter sido procurados para vender votos, com 12%. No Nordeste foram 10%, no Sudeste 6% e no Norte e Centro-Oeste, 5%. No Paraná, 22% dos eleitores se disseram alvos de tentativa de compra de votos.
Compra de votos aumentou no Brasil, aponta pesquisa
fevereiro 08, 2007
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