Sports

‘Me pegar por corrupção, eles não vão pegar nunca’

Escrito por Josias de Souza


Além do grampo telefônico, a Polícia Federal utilizou nas investigações expuseram os tentáculos da máfia do jogo uma ferramenta mais sofisticada: a escuta ambiental. A frase acima foi pronunciada, de acordo com relatório da PF, pelo desembargador José Eduardo Carreira Alvim, um dos 25 presos da “Operação Furacão”.

Até a última quinta-feira (12), véspera de sua detenção, Alvim ocupava o cargo de vice-presidente do TRF da 2ª Região, com sede no Rio. Foi ele quem expediu, no ano passado, uma polêmica liminar liberando 900 máquinas caça-níquel que a polícia havia apreendido em Niterói (RJ). A julgar pelas conclusões da PF, a decisão foi tomada mediante pagamento de propina.

Além da frase que revelaria a falta de talento do desembargador Alvim nas artes da premonição, a PF logrou interceptar conversas telefônicas do ex-vice-presidente do TRF-2 com seu genro, o advogado Silvério Nery Cabral Jr., também recolhido á carceragem de Brasília. Segundo as conclusões da polícia, Silvério, o genro, teria atuado como preposto de Alvim, o desembargador, nas negociações com os mafiosos da contravenção.

Num dos diálogos, Alvim explicita como queria receber o seu quinhão. “Aquela idéia sua, a... parte em dinheiro, ta?” No trecho pontilhado do relatório policial subentende-se que o desembargador tenha dito “a minha parte.” Silvério tranqüilizou-o: “Pode deixar, ta tudo na cabeça aqui, não se preocupa.” Não há no trecho consultado pelo repórter menção a cifras.

A liminar concedida pelo desembargador Alvim foi cassada posteriormente pela presidência do mesmo TRF-2. O que obrigou a máfia a recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). Neste ponto, entra em cena um outro personagem detido pela PF na última sexta-feira. Chama-se Virgílio Medina. É advogado e irmão do ministro do STJ Paulo Medina, sobre cuja mesa aterrissou um pedido para que a liminar de Alvim fosse restabelecida.
Previous article
Next article
Número de contas investigadas pela PF por máfia de jogos passa de 80
PF apreende 40 kg de documentos em ação contra máfia de jogos
PF pede prisão preventiva dos 25 acusados de ligação com jogos ilegais

Leave Comments

Ads

Ads 2

Ads Tengah Artikel 2