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Jackson Lago fica em maus lençóis no Maranhão

Governador reconheceu voz de sobrinho em gravação comprometedora da PF, mas disse nada ter com o caso

O Dia


BRASÍLIA - O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), admitiu ontem, em depoimento à ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a possível participação de dois sobrinhos dele no esquema de fraudes de obras públicas investigado pela Operação Navalha. Ele reconheceu a voz de Alexandre Maia Lago em gravações feitas pela Polícia Federal. Alexandre e Francisco de Paula Lima Júnior foram presos pela PF, acusados de terem recebido R$ 240 mil supostamente em nome do tio. Lago porém negou ter recebido propina da construtora Gautama, apontada como líder das fraudes.

Além de Jackson Lago, também prestaram depoimento no STJ o governador de Alagoas, Teotônio Vilela (PSDB); o deputado distrital Pedro Passos (PMDB-DF); o ex-procurador-geral do Maranhão, Ulisses Martins de Sousa; e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau. A ministra Eliana Calmon suspendeu o sigilo do inquérito para evitar boatos sobre as investigações.

“A ministra fez questão de dizer que não estou sendo investigado. Fui chamado para colaborar”, disse Teotônio. Pedro Passos, Ulisses Martins e Silas Rondeau saíram do STJ sem falar com a imprensa.


O empresário Zuleido Veras, dono da Gautama, acusado de liderar a máfia das fraudes, foi libertado na madrugada de ontem, após ter obtido habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite de terça-feira. Outros quatro funcionários da empresa também foram soltos, entre eles a diretora-comercial Maria de Fátima Palmeira, acusada de ter pago R$ 100 mil de propina ao ex-ministro Silas Rondeau. Com a libertação dos cinco, todos os 48 presos pela PF na Operação Navalha estão em liberdade.


Ontem, a PF divulgou a relação de bens apreendidos: R$ 1, 35 milhão, US$ 80,2 mil, 1, 9 mil euros, 38 carros e a lancha Clara, de Zuleido Veras, avaliada em R$ 1,5 milhão. A PF pediu ao STJ a quebra do sigilo fiscal e bancário de todos os envolvidos.


A Operação Navalha começou em 2005, em Salvador (BA), com o nome de Octopus. O alvo eram empresários que fraudavam licitações. Policiais federais foram flagrados em conversas com os suspeitos. Zuleido Veras teria pago festa de posse do ex-superintendente da PF de Sergipe, Rubem Patury, um dos investigados pela Octopus.


CRISE NA PF


O afastamento de diretor-executivo da Polícia Federal (PF), delegado Zulmar Pimentel, acusado de vazar informações da Operação Navalha para colegas investigados, também afastados, instalou crise da gestão de Paulo Lacerda, diretor-geral do órgão. Durante o dia, Lacerda se reuniu com o alto comando da PF para discutir a crise. Parte parte da reunião foi tomada pela tentativa da cúpula da PF de blindar Zulmar, cuja candidatura à sucessão de Lacerda acabou esvaziada.


Zulmar explicou sua ida ao Ceará em março de 2006. Ele disse que apenas cumpriu missão, a mando de Lacerda, para comunicar o afastamento de Santana, mas negou o vazamento. Lacerda confirmou a versão e pediu apoio a Zulmar, que atribui a acusação a uma intriga para desestabilizá-lo.

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