RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
Imediatamente depois de o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) concluir sua defesa no plenário do Senado, o líder do PSOL na Casa, José Nery (PA), apontou supostas falhas nos argumentos do ex-governador do Distrito Federal. Segundo Nery, a nota fiscal da compra de uma bezerra teria perdido a validade em setembro 2005. Mas Roriz teria utilizado a nota dois anos após ela ter vencido. O valor da nota é de R$ 532 mil --supostamente o preço do animal, sem o desconto de R$ 271 mil.
"O discurso dele [Roriz] foi para tentar impressionar pela emoção e pelos gestos fortes, mas foi totalmente vazio de conteúdo. Ele não não explicou nada", disse Nery. "Não é pré-julgamento. Mas faltam explicações", disse ele, que é o autor do requerimento encaminhado ao Conselho de Ética do Senado propondo abertura de investigações contra o peemedebista.
Ao deixar o plenário, o peemedebista tentou explicar a suspeita de Nery. "Não tem nada em 2005. Aquilo é a data do fax que tem um registro anterior. Não sou ignorante. Podem olhar a nota, examinem os documentos", afirmou o ex-governador, sem entrar em detalhes.
Denúncias
Roriz é alvo de denúncias investigadas pela Operação Aquarela, que desbaratou um esquema de desvios de recursos no BRB (Banco de Brasília). Ele teria negociado R$ 2,2 milhões de origem não conhecida. No discurso, ele admitiu ter pedido um empréstimo ao amigo de "mais de 20 anos" Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê, presidente do Conselho de Administração da Gol.
Em conversas gravadas em 13 de março, com autorização judicial, há registros do senador supostamente combinando partilha de dinheiro com Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do BRB. Emocionado, com a voz embargada, Roriz negou qualquer irregularidade e colocou-se à disposição para investigações.
Para o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), as explicações de Roriz não satisfizeram. "Vamos fazer a investigação que ele pediu. Ele [Roriz] não encaminhou documentos em branco autorizando a quebra de sigilos [bancário, fiscal e telefônico]? Então, vamos verificar tudo", afirmou Agripino.
Porém, o líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO), apelou para que os colegas parlamentares, afirmando que não cabe a eles investigar. "Não vamos acusar sem provas. Vamos deixar que as autoridades competentes investiguem. Não cabe à Casa fazer isso", afirmou ele.
Depressão
A Folha Online apurou que nos últimos dias Roriz ficou deprimido. No final de semana, ele viajou para fazenda, retornou na segunda-feira. Pediu apoio a antigos correligionários, que sugeriram que ele prestasse esclarecimentos o mais rápido o possível. Ontem, ele conversou mais de uma vez com os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), e José Sarney (PMDB-AP), além de Raupp.
Com Renan, Sarney e Raupp pediu opinião se deveria ou não falar na tribuna. Todos foram favoráveis. Mas ele preferiu aguardar mais tempo e enviar a todo os senadores cópias dos seus documentos.
Nesta quinta-feira, o corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), esteve com o procurador-geral do Distrito Federal, Leonardo Bandarra. Na saída do encontro, Tuma reiterou considerar as denúncias muito graves.
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