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Mesa da Câmara arquiva pedido de investigação contra André Vargas

André Vargas foi à Tribuna da Câmara para explicar seu relacionamento com o doleiro preso


Correio do Brasil
Por Redação - de Brasília

A Secretaria-Geral da Mesa da Câmara decidiu, nesta segunda-feira, arquivar o pedido protocolado, na semana passada, pelo PSOL para que fosse aberta uma investigação sobre os fatos envolvendo o vice-presidente da Casa, deputado André Vargas (PT/PR), e o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF). De acordo com a assessoria da Mesa, a decisão foi motivada por requisitos regimentais, como falta de detalhamento no ofício entregue pelo partido, e por não indicar qualquer indisposição da Casa em averiguar os fatos.

O PSOL informou que vai refazer o pedido, mas ainda não definiu em que formato o novo documento será entregue. Ainda nesta segunda-feira, parlamentares da legenda reúnem-se para definir se reapresentarão um ofício com mais detalhes sobre as investigações ou uma representação com argumentos e provas para que a Corregedoria da Casa comece a investigar o caso. O PPS, PSDB e o Democratas também sinalizaram que vão protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara contra Vargas por quebra de decoro parlamentar.

Uma reportagem do diário conservador paulistno Folha de S.Paulo, publicada na semana passada, diz que Vargas usou um avião do empresário para uma viagem a João Pessoa. Segundo o jornal, o empréstimo da aeronave foi discutido entre os dois por mensagem de texto no início de janeiro. O parlamentar explicou, por nota, que é amigo de Youssef e negou envolvimento com os negócios do doleiro.

No discurso em plenário no último dia 2, Vargas voltou a negar envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, mas reportagem da revista semanal de ultradireita Veja desta semana revelou novos fatos com a divulgação de mensagens interceptadas pela PF em que Vargas promete ajudar Youssef em contratos que o doleiro pretendia fechar com o governo federal na área da Saúde. As investigações apontam suspeitas de que Yousseff e Vargas sejam sócios no Laboratório Labogen e que o parlamentar usou jatinho particular pago pelo doleiro em janeiro deste ano para uma viagem particular.

Em conversas reservadas, alguns petistas tentam isolar a ação de Vargas para mostrar que, se houve alguma irregularidade nos negócios com o Ministério da Saúde, não foi cometida com o aval do partido. O assunto ainda seria alvo de debates nos bastidores, mas haveria, entre deputados petistas, um consenso: Vargas terá que se explicar diante do teor das mensagens com o doleiro. Além disso, dizem parlamentares da legenda a jornalistas, sem se identificar, que não haverá, no partido, complacência com qualquer erro.

Neste fim de semana, a pressão aumentou depois que as mensagens trocadas entre Vargas e o doleiro foram divulgadas na mídia conservadora. Neste domingo à noite, os líderes dos três partidos da oposição – PSDB, DEM e PPS – aproveitaram para defender o afastamento de Vargas da vice-presidência da Câmara até que a Casa possa concluir as investigações sobre o envolvimento dele com o doleiro. Apesar do arquivamento do pedido de investigação, Vargas optou por deixar a Vice-presidência da Casa, na tarde desta segunda-feira.

O Ministério da Saúde chegou a firmar um termo de intenção com o laboratório Labogen para a compra dos medicamentos que seriam produzidos em parceria com o laboratório da Marinha. Mas na semana passada, depois das primeiras denúncias, a negociação foi suspensa e uma sindicância foi aberta.

O deputado André Vargas, do PT, assumiu a vice-presidência da Câmara dos Deputados no ano passado. Na semana passada, usou a tribuna para dar explicações sobre a viagem que fez com a família, dia 3 de janeiro, usando um jatinho providenciado pelo doleiro, que está preso desde 17 de março, suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões, segundo a PF.

A Operação Lava Jato foi deflagrada no último dia 17, em seis Estados e no Distrito Federal. Mais de 20 pessoas foram presas suspeitas de participar do esquema de lavagem de dinheiro que, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), movimentou mais de R$ 10 bilhões. Um dos presos foi o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.


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