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"Vavá é pra ser usado" como lobista, diz Servo em grampo

RUBENS VALENTE
enviado da Folha a Campo Grande

HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

Em gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate, o empresário de bingo Nilton Cezar Servo diz que Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Lula, "tem futuro", como lobista bastando que fosse "usado" adequadamente. Na descrição de Servo, era alguém que sabia abrir portas, desde que acompanhado por outras pessoas.

"Pegar o Vavá para ser usado, o Vavá é pra ser usado", diz Servo em uma ligação telefônica interceptada pela PF. Nas gravações o empresário preso afirma também que calcula ter pago R$ 14 mil ou R$15 mil para Vavá nos últimos meses.

Servo dizia que ia fazer bons negócios com lobby no setor público. Para isso, ele aposta nos contatos com Vavá.

As gravações da PF mostram também que Servo queria "terceirizar" os serviços de lobby de Vavá, para um empreiteiro identificado apenas como "Acássio". Numa das ligações interceptadas pela Polícia Federal, o seu cunhado, identificado como Serra, chama Servo de "parceiro do lobby".

Na mesma conversa, Servo explica seu objetivo: "Por exemplo, ontem apareceu um amigo meu aqui que ligou para um empresário de Manaus, que tem uma indústria (...). Ele tá com um projeto de um financiamento para aumentar a indústria dele, de papel higiênico, de R$ 100 milhões, tá no BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social], tá parado isso lá e não tá conseguindo resolver isso, entendeu? (...) É um assunto que já vai em cima, na hora, pá, pá, pá. Pum. "Libera essa grana pro cara aí"."

Em outras gravações de conversas telefônicas, Servo refere-se a uma pessoa como o "filho do homem".

Em momento nenhum das conversas a identidade dessa pessoa é revelada. Em outras gravações entre Servo e Vavá, o presidente Lula é definido como o "homem". Servo refere-se ao "filho do homem" em três interceptações telefônicas. Em uma delas, ele afirma que esta pessoa iria visitá-lo em Campo Grande acompanhado do compadre de Lula, Dario Morelli Filho.

Numa conversa com seu cunhado, Servo também indica que já se encontrou com "o filho do homem" em fins de semana. "Eu tô trazendo o pessoal pra cá agora, neste fim de semana, não no outro, tá certo? Tô trazendo inclusive o filho do homem, entendeu? Certo? Uma nova... Já tive um fim de semana junto, já tive outro final, eu tô ficando bem dentro, bem dentro do negócio, entendeu, certo?", disse Servo.

Em outra ligação no mesmo dia, 14 de março, desta vez para um empreiteiro identificado como "Acássio", o empresário de bingos volta a mencionar essa visita. "Tanto é que o Dario tá vindo pra cá amanhã, entendeu? Pra Campo Grande. Tá vindo ele e tá vindo o filho do homem. Nem o Vavá sabe disso, que eles tão vindo pra cá", disse Servo.

Na terceira interceptação, é Serra quem conta a Servo que disse a "Acácio" sobre a "programação" do grupo de lobistas. "O Nilton, o Dario e o Vavá vão correr nesta semana. O que eu entendi, mais ou menos, a programação, eles devem dar uma corrida e semana que vem eles vão a Campo Grande. Inclusive o filho do homem vai tá lá junto. Também vai passar uns dias lá, tá certo?"

O advogado da família Servo, Eldes Rodrigues, disse ontem que apenas o empresário poderia esclarecer quem seria "o filho do homem".

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