Decisão para escapar de cassação foi tomada após saber que processo contra ele seria aberto
BRASÍLIA - O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) renunciou, na noite de ontem, ao mandato recém-conquistado. O parlamentar optou pela saída após a Mesa Diretora do Senado decidir, por unanimidade, abrir um processo por quebra de decoro contra ele. A renúncia é a única garantia de manutenção de seus direitos políticos, que seriam cassados até 2022, caso fosse condenado.
Por meio de carta, lida pelo senador Mão Santa (PMDB-PI) na noite de ontem em plenário, Roriz disse que renunciava para salvar sua honra em respeito ao povo do Distrito Federal. “Às vezes, da renúncia depende a honra do cidadão. Nessas denúncias todas, pesou apenas o propósito de destruir uma vida pública”, disse.
Ex-governador do DF por quatro vezes, o senador foi flagrado em escutas telefônicas da polícia de Brasília na Operação Aquarela negociando a partilha de um cheque R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura — preso na operação. O senador disse que retirou R$ 300 mil do cheque para pagar uma bezerra e que o R$ 1,9 milhão restante devolveu ao empresário Nenê Constantino, pai do dono da Gol — e dono do cheque.
Pelo regimento do Senado, o parlamentar investigado só mantém os direitos políticos se renunciar até ser notificado pelo Conselho de Ética. Para tranqüilizá-lo, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), marcou de notificá-lo apenas hoje.
Com isso, o dia de ontem serviu para Roriz tentar convencer seus dois suplentes — o advogado paulista Gim Argello e Marcos de Almeida Castro — a renunciarem com ele.
Isso forçaria a realização de uma nova eleição para senador no Distrito Federal, na qual o próprio Roriz poderia concorrer. Mas Argello não teria aceitado o pedido e teria decidido assumir o mandato.
Vice-presidente nacional do PTB e ex-deputado distrital, Gim Argello tem o direito de assumir a vaga. Mas ontem, Roriz pressionava o advogado a acompanhá-lo no abandono do cargo já que Argello também é investigado no caso do cheque.
Político foi acusado de grilagem de terras no DF
Primeiro congressista da nova legislatura a sair da Casa pela porta dos fundos, Joaquim Roriz virou pecuarista há pouco tempo. A primeira declaração de renda para os tribunais eleitorais em que declara ser “pecuarista” foi a de 2006. No documento entregue ao Tribunal Superior Eleitoral, ele declara ser dono de 6.227 bovinos, avaliados em R$ 2,8 milhões. Eles representavam 63% do patrimônio de R$ 4,4 milhões.
Governador do Distrito Federal entre 1988 e 1994 e entre 1998 e 2006, Roriz, hoje com 70 anos, começou a carreira política em Luziânia (GO), onde se elegeu vereador ainda na década de 1960. Antes de ir para Brasília, se elegeu em Goiás deputado estadual, federal, vice-governador e prefeito de Goiânia, como interventor, entre 1987 e 1988.
Essa não é a primeira vez que Roriz se envolve com denúncias de irregularidades. Enquanto governou o Distrito Federal, Roriz teve seu nome envolvido seguidas vezes com grilagem de terras. Agora, ele terá de esperar até 2010 para voltar a concorrer a cargos públicos.
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É preciso acabar com a impunidade da renúncia. Vagabundo rouba, renuncia, e volta depois para dar continuidade ao roubo. Político tem que ter moral ilibada. Vagabundo com processo judicial não pode ocupar cargos no Senado ou nas Câmaras e Assembléias Legislativas. Isso é uma vergonha!
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