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Grupo é agredido por seguranças durante protesto contra senadores "franciscanos"



GABRIELA GUERREIRO, em Brasília

Um grupo de oito jovens da JPS (Juventude Popular Socialista), ligada ao PPS, foi agredido nesta terça-feira por seguranças do Senado Federal enquanto protestava contra os senadores "franciscanos" do PMDB. Vestidos de frades, com chinelos havaianas nas mãos, os jovens foram empurrados e retirados à força por seguranças da Casa enquanto realizavam o protesto dentro das dependências do Senado --próximo ao gabinete do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL).

O líder dos manifestantes, Anderson Martins, foi empurrado por seguranças da Casa para dentro de um dos elevadores e chegou a cair no chão em meio ao tumulto. "Nosso protesto é pacífico, franciscanos são da paz, só viemos para orar, exorcizar o Congresso a mando da ordem do São Calheiros [numa alusão a Renan]", gritou Martins na tentativa de não ser detido pelos seguranças.

Apesar dos apelos, todos os jovens com trajes franciscanos foram recolhidos pelos seguranças para uma das salas da Polícia Legislativa do Senado. Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), da ala oposicionista do PMDB, foram à sala da Polícia Legislativa na tentativa de impedir novas agressões aos jovens.

"Isso não faz parte da tradição do Senado desde que a democracia foi restabelecida. Do Renan, pode se esperar tudo nesta Casa. Mas bater, não. Aliás, não vejo problema em chamar de franciscanos um grupo que cobra emprego do governo", criticou Simon.

Para Jarbas, o quadro de violência no Senado é conseqüência da decisão de Renan em permanecer na presidência da Casa. "Esse é o clima de medo e pavor que temos no Senado. É um quadro muito medíocre em todo o Congresso", afirmou.

Protesto

Os jovens realizaram a manifestação em protesto à rebelião de peemedebistas que reivindicam cargos no governo federal. O objetivo do grupo era entregar sandálias havaianas nos gabinetes de senadores peemedebistas que integram o grupo de "franciscanos" do partido.

Antes das agressões, Martins explicou que o protesto repudia a conduta dos "franciscanos" que condicionaram as votações no Senado à liberação de cargos pelo governo federal.

"É um ato pacífico para repudiar essa forma de fazer política, em que se barganha cargos em troca da votação de matérias. O importante é ter cargos para votar, do contrário, não votam temas de interesse do país", criticou Martins.

O termo "franciscanos" foi criado pelo senador Wellington Salgado (PMDB-MG) -- um dos participantes da "rebelião" do PMDB que derrubou uma medida provisória do governo -- para diferenciar os senadores do partido que não têm acesso ao Palácio do Planalto dos chamados "cardeais" da legenda. Salgado disse que os 'franciscanos' não querem mais andar descalços, mas também não precisam de "sapatos de cromo alemão" para terem suas reivindicações atendidas pelo governo.

"Viemos entregar as sandálias para aqueles que transformaram a Casa num balcão de negócios. Se não querem andar descalços, agora terão sandálias para caminhar", protestou Martins.

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