Marcelo Rech
Habituados a legislar, os 13 parlamentares brasileiros retidos na Antártica estão sendo regidos desde a semana passada pelo artigo 1º da constituição antártica: ali quem manda é o tempo. Quem vai à Antártica a bordo dos Hércules da FAB é informado, como no caso dos congressistas brasileiros, que não há hora para se chegar e muito menos para se sair. Em cinco viagens à Antártica - duas delas em Hércules durante o inverno - , fui passageiro de seguidos vôos que decolavam às 5h de Punta Arenas, no extremo sul do Chile, e, quatro horas mais tarde, ao se constatar que nuvens encobriam a gelada pista de pouso da base chilena de Teniente Marsh, retornavam para o ponto de partida em razão das rotineiras viradas bruscas do tempo. Na Antártica, portanto, deve-se ter mais paciência do que nas salas de embarque do AEROPORTO de Brasília. E, apesar de ouvir-se por aqui alguns ecos de lamentos dos retidos sobre as instalações a sua disposição, o alojamento no qual estão instalados é de primeira categoria para padrões antárticos. Dorme-se em beliches e o banheiro fica no corredor, mas a estação Teniente Marsh, acoplada à base Eduardo Frei, é a de maior dimensão e a melhor equipada da Ilha Rei George. Enquanto esperam, os congressistas brasileiros têm muito a aprender além das pesquisas científicas e da vida selvagem local. Pode-se ter lições eternas sobre valores, por exemplo. Na Antártica, dinheiro, títulos e sobrenome não valem nada. A moeda de troca é a capacidade de oferecer solidariedade em
um ambiente hostil. É uma grande lição para se colocar em prática em Brasília na volta.
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