Ultimas Noticias

Dantas omitiu do governo operações suspeitas, diz PF

Laudo aponta que movimentações "atípicas" não foram comunicadas ao Coaf

Relatório policial diz que Banco Central detectou problemas "gravíssimos" em contas ligadas a banqueiro; defesa não foi localizada



RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Laudo do INC (Instituto Nacional de Criminalística) da Polícia Federal, em Brasília, que integra a Operação Satiagraha, acusa o banqueiro Daniel Dantas de não comunicar ao Coaf (órgão de inteligência financeira do governo federal) movimentações financeiras suspeitas realizadas no banco Opportunity em nome do banqueiro, de familiares e de funcionários das empresas do grupo.

"Tem-se que o banco Opportunity operacionaliza as movimentações financeiras e atua para dificultar e até inviabilizar eventuais fiscalizações pelos órgãos competentes e auditorias, impedindo a detecção das operações suspeitas pelos sistemas de prevenção à lavagem de dinheiro", diz o laudo dos peritos da PF Everaldo Parangaba e Evaldo Oliveira de Assis.

Por lei, os bancos devem comunicar ao Coaf movimentações consideradas atípicas nas contas dos clientes, como créditos muito acima dos ganhos declarados pelo correntista à Receita. Segundo o laudo, o Opportunity não fez as devidas comunicações, "impossibilitando ações governamentais no combate à lavagem de dinheiro nas operações do grupo".

O laudo cita levantamento do Banco Central que teria apontado "irregularidades gravíssimas em nome de sócios, funcionários e parentes de pessoas supostamente ligadas ao grupo Opportunity e operacionalizadas pelo banco Opportunity".

Trechos do laudo, transcritos no relatório do delegado Protógenes Queiroz entregue à Justiça Federal no final de junho, listam 16 pessoas e empresas "envolvidas em movimentações financeiras suspeitas".
Nélio Machado, advogado de Dantas, e a assessoria do banco não foram localizados ontem.

A PF e o BC descobriram que o próprio diretor do banco Opportunity responsável pelo cumprimento da carta circular do BC 2.826/98, Itamar Benigno Filho, atuava como procurador de pessoas físicas e jurídicas e movimentava ao mesmo tempo 18 contas bancárias. Ele foi também eleito diretor da empresa XX Novembro Securitizadora de Créditos Imobiliários. A conta da empresa, que não declarou renda no ano anterior, segundo a PF, recebeu R$ 24,4 milhões em créditos entre 2005 e 2006.

A carta do Bacen lista as movimentações consideradas atípicas e que devem ser comunicadas pelos bancos, como "movimentação incompatível com patrimônio, atividade econômica e ocupação profissional".

O laudo detectou ainda que um funcionário do banco movimentava 28 contas diferentes.

Segundo os peritos, o Bacen descobriu "triangulação de recursos (...) envolvendo diretamente o senhor Daniel Valente Dantas, operação característica de procedimento de lavagem de dinheiro que deveria ter sido comunicada ao Coaf".

No seu relatório, o delegado Protógenes Queiroz volta suas baterias também contra a mulher de Dantas, Maria Alice Carvalho Dantas. "Em menos de um ano, Maria Alice movimentou mais de R$ 21 milhões em sua conta de pessoa física no banco Opportunity, sendo que não teria fonte de renda para tanto, de onde podemos concluir a utilização dessa conta para lavagem de valores em favor do grupo, uma vez que ela já é usada como laranja para abertura de empresas", escreveu o delegado.

Da análise de e-mails escritos por Alice, os policiais escreveram que "fortalece a suspeita de desvio de recursos das instituições financeiras do grupo para utilização em benefício particular por parte dos membros que compõem o alto escalão do banco".

Colaborou CAROLINA ARAÚJO, da Redação
Share on Google Plus

About Luiz Maia

This is a short description in the author block about the author. You edit it by entering text in the "Biographical Info" field in the user admin panel.
    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 $type={blogger}: