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Quatro em cada dez usuários acham que transporte coletivo em São Paulo é "ruim" e vai piorar

Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo

 

Ao menos quatro em cada dez moradores da capital paulista e da região metropolitana consideram ruim a qualidade do transporte coletivo e são pouco otimistas em relação à melhoria do sistema para os próximos quatro a cinco anos –é dentro desse prazo que eles acham que vão piorar, por exemplo, os crescentes problemas de lotação.

O dado integra uma pesquisa realizada pelo instituto Toledo & Associados sob coordenação da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), sobre a imagem que o usuário tem em relação ao sistema público de transporte, e foi divulgada nesta terça-feira (31) – exatamente quando ao menos 2 milhões de usuários de ônibus foram afetados por uma paralisação de três horas de motoristas e cobradores.

 

A pesquisa foi patrocinada pelas empresas de transporte público de São Paulo e teve os dados – coletados por entrevistas feitas na casa dos entrevistados – apresentados pela ANTP na Setpesp (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de São Paulo), na Bela Vista, área central de São Paulo.

 

Segundo os dados apurados, 41% acham "ruim" a qualidade do transporte coletivo em São Paulo, 18% avaliaram que o serviço é "bom", e 41% classificaram o serviço como "nem bom, nem ruim".

A análise compreende etapas qualitativa, com separação dos entrevistados por sexo, rendimento e grau de instrução, e quantitativa. Na média geral, o usuário de transporte coletivo em São Paulo é formado principalmente por mulheres (51%), pessoas de 41 anos, integrantes da classe C (47%) e com ensino primário completo ou fundamental incompleto (39%). A renda familiar média é de R$ 2.070 mensais; a renda pessoal média, de R$ 1.110.

 

Ao todo, foram feitas 1.333 entrevistas em São Paulo e 1.054 em municípios da região metropolitana nos meses de outubro e novembro do ano passado. Segundo o instituto que coletou os dados, a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. É o 25º ano que o levantamento é feito.

 

Segundo os coordenadores do estudo, a queda de percepção de qualidade se deu a níveis mais acentuados entre os usuários de ônibus municipais na capital. É nesse sistema de transporte em que foram mais presentes queixas de lotação, tempo de espera longo e pouca rapidez, em função do trânsito e da falta de mobilidade urbana.

“O transporte público é o que garante a sobrevivência de desenvolvimento das cidades. Acredito que São Paulo vai acabar ainda chegando a medidas já adotadas em cidades europeias, do Japão e dos Estados Unidos como proteção de algumas áreas contra o tráfego, como pedágio urbano, por exemplo, e escalonamento de horários. Isso não é nenhuma anomalia”, afirmou Rogério Belda, um dos fundadores da ANTP e coordenador da pesquisa.

 

Percepção de problemas que vão “piorar”, “melhorar” e acidentes

 

Entre os principais problemas que para os entrevistados vislumbram piora, estão, além da lotação (41%), o tempo de espera (32%), a rapidez (velocidade) da viagem (26%) e comportamento do usuário (26%).

 Já entre os aspectos que tendem a melhorar, na opinião dos entrevistados, estão uso de um único bilhete em todos os meios (para 54%), alcance e abrangência das linhas (50%), uso pelas pessoas com deficiência (49%), adoção de faixas e corredores exclusivos (48%) e conforto em geral (41%).

Por outro lado, a percepção em relação aos acidentes é o de que eles aumentaram de 2010 em relação a 2011 –especialmente quanto a micro-ônibus da capital (39%) e ônibus municipais (38%). A percepção de diminuição de acidentes foi maior entre usuários de metrô (36%).

 

Avaliação dos transportes

 

A pesquisa avaliou também que nota os usuários dão para o transporte coletivo na cidade, em uma escala de um a cinco. De nove tipos analisados, seis tiveram queda de avaliação em 2011, em comparação com 2010 –entre os quais ônibus e micro-ônibus municipais, ônibus metropolitano e de outras cidades, e Metrô.

A avaliação sobre o serviço da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) não sofreu alterações de um ano a outro, assim como os ônibus do corredor São Mateus/Jabaquara. Já a avaliação do serviço do corredor Expresso Tiradentes aumentou.

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