JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, ANDREZA MATAIS e NATUZA NERY
DE BRASÍLIA – FOLHA DE SP
A Casa da Moeda contratou por R$ 3,1 milhões, sem licitação, uma empresa representada por um concunhado do diretor da área internacional da estatal.
Em outubro do ano passado, a Casa da Moeda contratou a Landqart, que produz matéria-prima para a fabricação de cédulas encomendadas pela Venezuela.
Quem assina o contrato como procurador da empresa é John Trevor Jones, casado com a irmã da mulher de Sérgio Faria, o diretor da área de internacional.
A estatal informou que o Código Civil não considera concunhados como parentes.
Foi a primeira vez que a estatal contratou a firma. Antes da nomeação de Farias pelo Ministério da Fazenda, em abril de 2009, todos os contratos eram feitos com a Arjowiggins, por ser a única empresa fabricante nacional de papel fiduciário.
A estatal não explicou porque fez a escolha sem abrir uma licitação internacional para suprir essa demanda. Informou que consultou seis empresas, sem citá-las ou explicar a razão de ter optado pela Landqart, e que a Arjowiggins não tinha capacidade para atender a demanda.
A reportagem não conseguiu contato com a Landqart, que tem sede na Suíça, nem com seu procurador.
Nomeado na gestão do ministro Guido Mantega (Fazenda), Farias trabalhava com o concunhado em empresas da papel fiduciário antes de assumir o cargo.
Ele foi indicado pela bancada do PSC na Câmara, embora o partido afirme que deu apenas apoio político a um nome do PTB.
Farias é próximo ao ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci, demitido pela Fazenda no sábado em razão da informação de que a Folha apurava reportagem sobre corrupção na estatal.
Foi Denucci quem expandiu a atuação da empresa no exterior. A Casa da Moeda está presente hoje em vários países da América Latina, que se tornou seu principal mercado. A empresa fabrica dinheiro para Venezuela, Haiti e Argentina.
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