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Procurador pede prisão de 36 dos 38 réus do mensalão

Durante leitura das acusações, Roberto Gurgel chamou esquema de corrupção no Governo Lula de ‘atrevido’ e ‘escandaloso’
 
O Dia


Brasília - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão de 36 réus do “mensalão” — ao término do julgamento — e a absolvição de Antônio Lamas e do ex-ministro Luiz Gushiken. Em mais de cinco horas, Gurgel leu o relatório e listou os sete crimes e as atividades dos envolvidos na trama que classificou como o mais “atrevido” e “escandaloso” caso de corrupção e desvio de dinheiro público já flagrado no Brasil. Para o procurador, o ex-ministro José Dirceu foi o “mentor” da ação e principal protagonista do esquema articulado entre as “quatro paredes” da Casa Civil.


Durante a leitura do relatório, Roberto Gurgel admitiu que as provas contra José Dirceu são testemunhais. “O autor intelectual nos chamados crimes organizados age entre quatro paredes. Não envia mensagens eletrônicas, não assina documentos”, disse. O procurador afirmou que o volume de recursos no esquema era tão grande que os integrantes do grupo contrataram policiais e até carros-fortes para transportar o dinheiro. Os saques, em sua maioria, foram feitos em shopping de Brasília.


Para demonstrar como funcionava o crime, Roberto Gurgel dividiu o grupo em três braços: político, operacional e financeiro. No primeiro tinham destaques José Dirceu, José Genoíno — então presidente do PT — Delúbio Soares e Silvio Pereira. Cabiam a eles indicar os políticos e os valores para o publicitário Marcos Valério — coordenador do setor operacional e quem apresentou o esquema a José Dirceu, já mantido no governo anterior para a campanha do senador Eduardo Azevedo (PSDB).


A turma financeira era encarregada de pagar aos políticos e o dinheiro vinha de uma engenharia que, segundo Gurgel, sangrou R$ 73 milhões do Banco do Brasil através de publicidades nunca realizadas. Os beneficiados recebiam em troca de votos no Congresso Nacional e os principais partidos citados pelo procurador foram PP, PT, o extinto PL e o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou o esquema após receber R$ 4 milhões dos R$ 10 milhões prometidos.
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