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Ameaças a Dom Pedro Casaldáliga aumentam

Desocupação de área indígena no Mato Grosso começa hoje. Invasores culpam bispo

Cleide Carvalho - O Globo

 

Aumentaram as ameaças contra Dom Pedro Casaldáliga, de 84 anos, bispo emérito de São Félix do Araguaia, depois que a Justiça derrubou dois recursos que tentavam adiar a retirada de não índios da Terra Indígena Marãiwatsédé, no Mato Grosso. A decisão foi tomada pelo juiz federal Marllon de Souza, que considerou que os recursos tinham "caráter eminentemente procrastinatório". Na última sexta-feira, o bispo foi escoltado pela Polícia Federal (PF) de sua casa até o aeroporto.

Segundo Luís Gouveia de Paula, da Prelazia de São Félix do Xingu, a iniciativa da escolta foi da PF, que soube que o bispo iria viajar para Goiás para participar da festa de 90 anos de Dom Tomás Balduíno, bispo-emérito de Goiás e assessor da Comissão Pastoral da Terra. Dom Pedro viajou num avião fretado pela Prelazia.


- Não foi pedida escolta alguma, mas a PF tomou a iniciativa de escoltá-lo por medida de segurança, Há cerca de cinco dias, num bar da cidade, um homem havia feito uma ameaça pública: disse que Dom Pedro Casaldáliga não passaria desta semana - afirmou Luís.


Cleber César Buzatto, secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), negou que o bispo tenha viajado devido às ameaças. Segundo ele, o motivo foi mesmo a festa de Dom Tomás Balduíno. A Prelazia de São Félix do Xingu não informou quando Dom Pedro Casaldáliga retornará para casa e explicou que ele se encontra com a saúde fragilizada, em função do Mal de Parkinson.


- Ele não está sob proteção da Polícia Federal nem aceitaria - disse Gilberto dos Santos, do Cimi no Mato Grosso.


As ameaças ao bispo têm sido constantes. Em novembro, depois do bloqueio da BR-158 e de um protesto dos ocupantes da Terra Indígena em Brasília, líderes do movimento contra a demarcação passaram a culpar o bispo pela retirada dos invasores.


A desocupação será por etapas e está prevista para começar hoje. A área tem 165.241 hectares e pertence ao povo xavante, mas apenas 20 mil hectares são ocupados pelos índios. O restante são propriedades de criação de gado ou plantações de soja e arroz. A homologação ocorreu em 1998. Em outubro passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a saída dos invasores.


O Ministério Público Federal (MPF) decidiu que a desocupação começará por grandes propriedades e pelas famílias que querem sair voluntariamente e pediram ajuda para retirar seus pertences. As áreas com maior número de pessoas serão desocupadas por último. O Incra vai cadastrar trabalhadores para o programa de reforma agrária e as famílias serão incluídas em programas sociais.

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