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Juiz diz que elo entre doleiro e Vargas tem 'possível caráter criminoso'

Magistrado enviará inquérito sobre deputado ao STF na próxima semana.
Devido à suspeita de ligação com doleiro, André Vargas deixou o PT.


Mariana Oliveira
Do G1, em Brasília

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), afirmou, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a Polícia Federal constatou que as mensagens trocadas entre o deputado licenciado André Vargas (sem partido-PR) e o doleiro Alberto Youssef "têm possível caráter criminoso".

Youssef foi preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, acusado de ser um dos líderes de esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que movimentou cerca de R$ 10 bilhões.

A defesa do deputado licenciado André Vargas disse que ele responderá a todos os questionamentos que lhe forem feitos pela Justiça.

O parlamentar do Paraná é suspeito de fazer tráfico de influência em favor das empresas de Youssef. Investigações da PF apontaram que os dois atuaram juntos para fechar um contrato milionário entre uma empresa de fachada e o Ministério da Saúde.

De acordo com a Polícia Federal, Vargas ajudava Youssef a localizar projetos na administração pública nos quais poderia ser desviado dinheiro público. O deputado paranaense também admitiu que viajou em jatinho fretado pelo doleiro.

Em razão das denúncias, André Vargas foi pressionado pela cúpula petista a renunciar ao mandato. Ele, no entanto, preferiu se desfiliar do PT. O deputado é alvo de um processo de quebra de decoro no Conselho de Ética da Câmara que culminar em sua cassação.

Paulo Roberto Costa

O juiz Sérgio Moro enviou à Suprema Corte informações solicitadas pelo ministro Teori Zavascki, que pediu dados sobre o processo relativo ao ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O ex-dirigente da estatal alegou ao Supremo que, em razão do envolvimento de André Vargas na investigação, a ação toda deveria estar no STF, e não na Justiça do Paraná.

Ao ministro Teori Zavascki, o magistrado da 13ª Vara Federal disse que André Vargas não era investigado no processo, mas que sua ligação com o doleiro é fruto de "encontro fortuito".

"É o que ocorreu em relação ao deputado federal André Vargas. Durante a investigação, especificamente a interceptação telemática de Alberto Youssef, foram colacionadas, em encontro fortuito de provas, mensagens trocadas com pessoa que se identificava como 'Vargas'. Somente mais recentemente, após as buscas e apreensões, a Polícia Federal concluiu que a referida pessoa seria André Vargas, deputado federal, e depreendeu do conteúdo das mensagens possível caráter criminoso", afirmou ao Supremo.

Segundo o juiz, a parte da investigação relativa a Vargas será enviada ao Supremo na próxima semana.

Tráfico de influência

O magistrado informa que consta contra André Vargas "possível recebimento de vantagem de Alberto Youssef, consistente no pagamento de viagem de avião, e ainda possível tráfico de influência para a obtenção pela empresa Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia de Parceria para Desenvolvimento Produtivo junto ao Ministério da Saúde".

Ele completou que Vargas ainda não é investigado nos processos em andamento e que, portanto, a Justiça do Paraná não feriu a competência do Supremo e não apurou denúncias relativas a parlamentares com foro privilegiado.

"Não houve e não há qualquer usurpação da competência deste Egrégio Supremo Tribunal Federal, não tramitando por este juízo qualquer ação penal ou investigação contra autoridades públicas detentoras de foro privilegiado", escreveu o juiz do Paraná.

Agora, o ministro Teori Zavascki terá de analisar o pedido de Paulo Roberto Costa sobre se houve ou não erro da Justiça do Paraná no processo.


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