Áudio revela que Paulo Octavio tentou impedir entrega de documento ao MP
Ele foi preso denunciado pelo MP em suposto esquema para liberar alvarás.
Advogado disse que entrou com pedido de habeas corpus na madrugada.
Do G1 DF
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram o ex-governador Paulo Octavio (PP), preso na noite desta segunda-feira (2) acusado de participar de um esquema para liberação de alvará de construções irregulares, pedindo ao então administrador de Taguatinga, Carlos Jales, para não entregar ao Ministério Público os documentos do JK Shopping, de propriedade dele. Na gravação, ele diz que abriria o empreendimento com ou sem autorização.
Investigações da Polícia Civil apontam que o funcionamento do centro de compras foi autorizado mesmo com o empreendimento estando entre as obras que violavam normas urbanísticas. A defesa do político disse ao G1 que não teve acesso ao teor do processo e por isso não poderia comentar o assunto. Jales não atendeu à ligação da reportagem.
Trechos de conversas entre Paulo Octavio e o ex-administrador de Taguatinga, gravadas com autorização judicial, revelam que o ex-vice-governador exercia influência no órgão.
Carlos Jales: A mulher mandou pegar seu processo lá na administração [regional de Taguatinga] agora.
Paulo Octavio: Mas não entrega, ué.
Carlos Jales: Uai, tem que entregar, ela está lá. Está levando tudo para o Ministério Público.
Paulo Octavio: Não, você não pode fazer isso. Como é que você vai agora aprovar o projeto?
Carlos Jales: Pois é. Como é que eu faço para brecar uma promotora?
Paulo Octavio: Você não entrega, ué.
A seguir, o ex-governador afirma que vai abrir o shopping de qualquer jeito.
Paulo Octavio: Eu vou inaugurar daqui a 30 dias, chova ou faça sol, certo? Então, fizemos tudo do melhor e do possível. Uma arquitetura maravilhosa. Botamos R$ 350 milhões em Taguatinga.
Empreendimento
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram o ex-governador Paulo Octavio (PP), preso na noite desta segunda-feira (2) acusado de participar de um esquema para liberação de alvará de construções irregulares, pedindo ao então administrador de Taguatinga, Carlos Jales, para não entregar ao Ministério Público os documentos do JK Shopping, de propriedade dele. Na gravação, ele diz que abriria o empreendimento com ou sem autorização.
Investigações da Polícia Civil apontam que o funcionamento do centro de compras foi autorizado mesmo com o empreendimento estando entre as obras que violavam normas urbanísticas. A defesa do político disse ao G1 que não teve acesso ao teor do processo e por isso não poderia comentar o assunto. Jales não atendeu à ligação da reportagem.
Trechos de conversas entre Paulo Octavio e o ex-administrador de Taguatinga, gravadas com autorização judicial, revelam que o ex-vice-governador exercia influência no órgão.
Carlos Jales: A mulher mandou pegar seu processo lá na administração [regional de Taguatinga] agora.
Paulo Octavio: Mas não entrega, ué.
Carlos Jales: Uai, tem que entregar, ela está lá. Está levando tudo para o Ministério Público.
Paulo Octavio: Não, você não pode fazer isso. Como é que você vai agora aprovar o projeto?
Carlos Jales: Pois é. Como é que eu faço para brecar uma promotora?
Paulo Octavio: Você não entrega, ué.
A seguir, o ex-governador afirma que vai abrir o shopping de qualquer jeito.
Paulo Octavio: Eu vou inaugurar daqui a 30 dias, chova ou faça sol, certo? Então, fizemos tudo do melhor e do possível. Uma arquitetura maravilhosa. Botamos R$ 350 milhões em Taguatinga.
Empreendimento
O JK Shopping foi inaugurado em novembro de 2013 e funciona com alvará provisório, concedido pela Justiça em caráter liminar. Em depoimento à polícia, um funcionário da Administração Regional de Taguatinga disse que a recomendação de Carlos Jales era não criar dificuldades para empreendedores. “Tem que ser feito tudo o que os empresários querem, porque quem paga os nossos salários são os empresários”, disse o funcionário em depoimento.
A investigação sobre o suposto esquema de corrupção envolvendo a liberação de alvarás foi realizada pela operação Átrio. O período investigado foi de novembro de 2011 a 2013. A operação resultou na prisão temporária do então administrador de Águas Claras, Carlos Sidney de Oliveira. Também foi pedida a prisão de Jales, que encontrava-se na época internado sob escolta policial no hospital particular Santa Marta.
Segundo a denúncia do Ministério Público, ambos recebiam dinheiro para liberar os alvarás. Um vídeo feito por câmeras de segurança de um shopping de Águas Claras mostra Carlos Jales entregando um envelope para Carlos Sidney. De acordo com o MP, era pagamento de propina.
Denúncia
Ao todo, o Ministério Público denunciou dez pessoas por suspeita de participação no esquema de liberação de alvarás. O advogado de Paulo Octavio, Marcelo Turbay Freiria, rebateu as acusações do MP.
"Ao longo da investigação isso foi questionado a ele. Essa acusação não procede. Ele está absolutamente tranquilo, sereno e seguro de que essa prisão é absolutamente descabida", disse.
Paulo Octavio responde a sete ações na Justiça pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica e corrupção ativa e passiva. Além disso, é réu no mensalão do DEM – suposto esquema de pagamento de propina que envolveu o ex-governador José Roberto Arruda (PR), deputados distritais, empresários e membros do Ministério Público.
O escândalo acabou levando à renúncia de Arruda e depois à de Paulo Octavio do governo do Distrito Federal. De acordo com o Ministério Público Federal, os desvios de verbas públicas chegaram a R$ 110 milhões. Em uma das denúncias, desmembradas em 17 ações, o MP pede a devolução de R$ 739,5 milhões, corrigidos e com multas, aos cofres públicos.
Renúncia
Paulo Octavio governou o Distrito Federal em fevereiro de 2011. Foram 12 dias no cargo, em substituição ao então governador José Roberto Arruda (PR). Paulo Octavio também acabou renunciando ao cargo, alegando "ingovernabilidade". O ex-vice também foi deputado e senador pelo Distrito Federal.
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