Declaração foi feita em Caxias do Sul, na primeira agenda do general como candidato a vice na chapa de Bolsonaro nas eleições 2018
Luiz Raatz e Filipe Strazzer | O Estado de S.Paulo
Candidato à vice-presidência da República na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições 2018, o general da reserva Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira, 6, que o Brasil "herdou a cultura de privilégios dos ibéricos, a indolência dos indígenas e a malandragem dos africanos".
Jair Bolsonaro (PSL) e Hamilton Mourão (PRTB) | Reprodução |
A declaração foi feita em um evento em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, quando Mourão falava sobre as condições de subdesenvolvimento do País e da América Latina.
“E o nosso Brasil? Já citei nosso porte estratégico. Mas tem uma dificuldade para transformar isso em poder. Ainda existe o famoso ‘complexo de vira-lata’ aqui no nosso País, infelizmente”, disse Mourão.
“Essa herança do privilégio é uma herança ibérica. Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. Eu sou indígena. Meu pai é amazonense. E a malandragem. Nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então, esse é o nosso 'cadinho' cultural.”
Mourão participou de almoço da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) da cidade en sua primeira agenda de campanha como vice na chapa de Bolsonaro. A declaração foi antecipada pelo site da revista Veja e confirmada pelo Estado.
No evento, o general também afirmou ser favorável à democracia e voltou a dizer que “intervenção militar não é varinha mágica”, apesar de tê-la defendido no passado. Em setembro passado, Mourão chegou a falar na possibilidade de intervenção militar caso as instituições do País não resolvam a crise política, “retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”. No domingo passado, no evento que referendou seu nome para vice de Bolsonaro, ele admitiu que não foi “feliz na forma como disse isso” e que isso deu “margem para outras interpretações”.
Ao comentar as declarações na Câmara de Indústria e Comércio, o general da reserva negou que seu comentário tenha sido racista. “Quiseram colocar que o Bolsonaro é racista, agora querem colocar em mim. Não sou racista, muito pelo contrário. Tenho orgulho da nossa raça brasileira”, afirmou. “O que eu fiz foi nada mais nada menos que mostrar que nós, brasileiros, somos uma amálgama de três raças, a junção do branco europeu com o indígena que habitava as Américas e os negros africanos que foram trazidos para cá”, disse ao Estado.
“Eu sou filho de amazonense, sou indígena. Somos a junção desses três povos, com as coisas boas e ruins que eles têm, sem colocar estigma em nenhum deles”, afirmou. Ele disse ter criticado também os portugueses: “Eu falei que a herança de privilégios é ibérica, do português que gosta de ter privilégios”.
Apesar da repercussão negativa da afirmação, general Mourão afirmou que não vai mudar seu estilo durante a campanha. “Minha autenticidade tem que ser mantida”, disse.
Mourão participou de almoço da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) da cidade en sua primeira agenda de campanha como vice na chapa de Bolsonaro. A declaração foi antecipada pelo site da revista Veja e confirmada pelo Estado.
No evento, o general também afirmou ser favorável à democracia e voltou a dizer que “intervenção militar não é varinha mágica”, apesar de tê-la defendido no passado. Em setembro passado, Mourão chegou a falar na possibilidade de intervenção militar caso as instituições do País não resolvam a crise política, “retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos”. No domingo passado, no evento que referendou seu nome para vice de Bolsonaro, ele admitiu que não foi “feliz na forma como disse isso” e que isso deu “margem para outras interpretações”.
Ao comentar as declarações na Câmara de Indústria e Comércio, o general da reserva negou que seu comentário tenha sido racista. “Quiseram colocar que o Bolsonaro é racista, agora querem colocar em mim. Não sou racista, muito pelo contrário. Tenho orgulho da nossa raça brasileira”, afirmou. “O que eu fiz foi nada mais nada menos que mostrar que nós, brasileiros, somos uma amálgama de três raças, a junção do branco europeu com o indígena que habitava as Américas e os negros africanos que foram trazidos para cá”, disse ao Estado.
“Eu sou filho de amazonense, sou indígena. Somos a junção desses três povos, com as coisas boas e ruins que eles têm, sem colocar estigma em nenhum deles”, afirmou. Ele disse ter criticado também os portugueses: “Eu falei que a herança de privilégios é ibérica, do português que gosta de ter privilégios”.
Apesar da repercussão negativa da afirmação, general Mourão afirmou que não vai mudar seu estilo durante a campanha. “Minha autenticidade tem que ser mantida”, disse.
Repercussão negativa
A fala do general da reserva foi criticada por presidenciáveis. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, afirmou que Bolsonaro e Mourão “se merecem”. “Quando o preconceito se junta com a estupidez o resultado é esse”, criticou nas redes sociais. A candidata da Rede, Marina Silva, também avaliou o comentário como preconceituoso. “Extremismo e racismo são uma combinação perigosa. Não podemos tolerar racismo numa corrida presidencial”, disse Marina Silva.
Sobre a crítica feita por Marina, Mourão disse que respeita a concorrente e gostaria de conversar com ela. “Gostaria de sentar e conversar com a Marina, porque aí talvez ela entendesse quem eu sou e não tecesse comentários sem conhecer a pessoa. Eu tenho muito respeito por ela, que teve uma origem difícil e por seu mérito ocupa uma posição de destaque no cenário nacional”.
Filiado ao PRTB, Mourão foi escolhido como vice de Bolsonaro neste domingo, mesmo após ter criticado adeptos do presidenciável. Ao Estado, ele disse que há um “certo radicalismo nas ideias, até meio boçal”, entre os apoiadores do candidato do PSL. O militar foi escolhido após uma indefinição sobre outros nomes, como a advogada Janaína Paschoal e Luiz Philippe de Orléans e Bragança, descendente da família real brasileira.
‘Ele que explique para vocês’, reage Bolsonaro
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, disse que "não tem nada a ver” com as declarações feitas pelo general da reserva, Hamilton Mourão, escalado para ser vice em sua chapa. “Não tenho nada a dizer. Ele que falou. Ele que explique para vocês, se é que ele falou. Eu não tenho nada a ver com isso”, disse Bolsonaro ao desembarcar em Porto Alegre.
Mais cedo, durante almoço na Federação das Indústrias do Rio (Firjan), Bolsonaro defendeu a escolha de Mourão na chapa, e justificou que precisa de um vice “que meta o pé na porta”. Segundo ele, o critério usado para a escolha foi o da “governabilidade”. Bolsonaro afirmou ainda que Mourão é “uma pessoa culta, patriota e que tem responsabilidades e virtudes”.
O presidenciável afirmou que seu eventual governo vai ter “um montão” de militares “para que não haja dúvidas”. O candidato não especificou o número de militares em eventual governo seu. “Tem partido, candidato, que escolhe o vice para fins eleitoreiros, que tem que ser de tal gênero. Eu quero governabilidade. Eu não faço acordo com o diabo para chegar lá não”, disse.
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