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PMs teriam recebido dinheiro duas vezes para soltar traficante

Mario Hugo Monken - O Dia

Rio - O chefe do tráfico na Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, Amabílio Gomes Filho, o MB, teria sido extorquido duas vezes este ano por policiais militares do 22º BPM (Benfica), segundo denúncias recebidas pela própria corporação. O corregedor, coronel Paulo Ricardo Paul, confirmou que a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar está investigando a suspeita, mas não deu detalhes sobre o trabalho.

Pelo menos seis PMs estariam envolvidos, entre eles um oficial. Os nomes são mantidos em sigilo. O 22º BPM foi uma das 23 unidades da corporação que sofreram troca de comando no fim do mês passado.

Segundo as denúncias, uma das extorsões teria ocorrido em março, na própria favela. O traficante foi abordado pelos policiais quando estava em uma barbearia e levado para um cativeiro, em local desconhecido, onde teria sido mantido por quatro dias. Foi solto após ter pago R$ 150 mil aos PMs, de acordo com o informe recebido pela corporação.

A outra suposta extorsão teria acontecido em janeiro. O traficante foi rendido quando estava em uma festa de casamento na própria Nova Holanda. Foi levado por policiais, que teriam pedido R$ 500 mil, mas baixaram o valor para R$ 300 mil.

Sumiço durante operação

Comandante do 22º BPM na época em que surgiu a denúncia da extorsão, o tenente-coronel Rui Loury afirmou a O DIA que, no segundo caso, cinco policiais suspeitos, que eram de uma mesma patamo, chegaram a ficar presos administrativamente por 72 horas. No entanto, de acordo com ele, ainda não foram obtidas provas contra eles.

Loury contou que a suspeita contra os PMs foi reforçada pelo fato de que, no mesmo dia em que teria ocorrido a suposta extorsão, o batalhão realizava operação na Nova Holanda para tentar capturar assassinos de policial. Durante a incursão, o grupo de policiais não foi visto por um período.

O oficial explicou que não conseguiu localizar os PMs nem o local do suposto cativeiro de Amabílio porque o sistema de monitoramento por GPS não funcionou naquele dia. Apesar de a extorsão ainda não estar provada, os PMs responderão a conselho disciplinar (que pode levar à expulsão) porque o então comandante considerou como grave o fato de eles terem se ausentado da operação. Disse ainda que a apuração sobre o seqüestro e a extorsão não terminou.

Queima de carros em dezembro

Ligado ao Comando Vermelho (CV), Amabílio, o MB, ganhou evidência em dezembro, quando mandou incendiar quatro carros na entrada do Complexo da Maré, para protestar contra operações policiais na comunidade. A ação foi encarada pela polícia como um prenúncio dos ataques ocorridos na cidade no fim do ano, que começaram exatamente no dia seguinte e deixaram um saldo de 19 mortos.

Na época, Amabílio tinha planos de atacar a Favela Kelson’s, na Penha, dominada por milícia que expulsou o tráfico de lá em meados do ano passado. O traficante tem como fiéis escudeiras duas mulheres — Erly Ferreira da Silva, a Fia, e Dulce Maria Ferreira Almeida, a Nega Dulce — que administram as bocas-de-fumo. Sua quadrilha contaria com cerca de 30 criminosos.

Para o delegado Aldari Viana, titular da 21ª DP (Bonsucesso), Amabílio teria sido extorquido porque estaria com muito dinheiro em caixa, devido à grande rentabilidade do tráfico no local. Em operação na favela no ano passado, policiais apreenderam fotos do criminosos com três crianças.

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