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Improviso em Ciep na volta às aulas

Alunos de seis escolas são abrigados em uma única unidade depois de 47 dias sem estudar
O Dia

Rio - Em um recesso forçado pela violência desde o dia 2 de maio, quase cinco mil estudantes de seis escolas municipais da Penha voltaram às aulas ontem. Mas os alunos não retornaram para seus colégios de origem. Eles foram abrigados, de improviso, no Ciep Gregório Bezerra, no bairro. O esquema de emergência gerou polêmica entre estudantes, pais, Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) e vereadores, que reprovaram a medida. As principais críticas são superlotação e curto período de atividades. A rotina de tiroteios seguiu ontem no Complexo do Alemão, em operação policial para retirada de barreiras do tráfico.

Localizadas dentro ou perto de favelas da Penha, como a Vila Cruzeiro, as escolas estão fechadas devido aos violentos confrontos entre traficantes e policiais, que ocupam os complexos da Penha e do Alemão desde o mês passado. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, entre 60% e 70% dos alunos compareceram ontem ao Ciep, que fica na Rua Plínio de Oliveira, fora das favelas. “Muitos pais ainda estão com receio de trazer seus filhos”, avaliou a coordenadora regional da secretaria, Márcia Simões Mattos.

Os estudantes foram distribuídos em quatro turnos de duas horas — dois de manhã e dois à tarde —, com direito a merenda. Para abrigar todos — os remanejados e os 850 do Ciep —, as salas foram divididas. Ontem, o Ciep foi decorado com bolas coloridas e mensagens de paz. Crianças carregavam pombas feitas em papel branco na sala de aula.

O improviso deixou pais e alunos insatisfeitos. “A situação melhorou para os professores. Para nós, que subimos e descemos o morro, o risco é maior”, reclamou Wender Araújo, 13 anos. A distância também foi o problema apontado pela dona-de-casa Verônica Pereira da Silva. Seus três filhos estão em horários diferentes. “Levo 20 minutos só para ir e tenho de repetir o trajeto mais duas vezes.”

Para alguns, o tempo de ensino é curto. “Gostei de reencontrar amigos, mas a aula durou pouco”, lamentou Giovani Fernando Soares Ferreira, 9. A secretaria reconhece que os estudantes não estão tendo aulas, mas sim atividades pedagógicas. Ontem, os alunos fizeram redação e conversaram sobre a violência.

Representantes do Sepe e os vereadores Eliomar Coelho (PSOL) e Rubens Andrade (PSB) acompanharam a volta às aulas. “A escola tem capacidade para 600 alunos e já tem 850. Está lotada. Colocar outros milhares para aulas de duas horas não resolve”, criticou Vera Nepomuceno, coordenadora do órgão, que sugere que prédios sejam alugados pela prefeitura e que o transporte seja providenciado. A secretaria estuda como repor as aulas perdidas. As férias de julho estão mantidas.

O governador Sérgio Cabral afirmou que as operações da polícia vão continuar: “Há momentos covardes como esse que a gente viu aí, com o engenheiro (morto por bala perdida). Essa é a prova do desespero dos traficantes. Mas nós vamos continuar o nosso trabalho”.

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