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Vereador Mota da Coopasa alega perseguição política ao ser preso com seu filho em São Gonçalo

Sérgio Soares – O Fluminense

Uma investigação sobre a suposta disputa pelo monopólio do transporte alternativo em São Gonçalo levou a polícia a prender ontem o vereador Edson da Silva Mota (sem partido), o Mota da Coopasa, de 53 anos, e seu filho, André da Silva Mota, de 33 anos.


Eles são acusados pelo delegado Fábio Barucke, da 74ª DP (Alcântara), de manter um suposto grupo de dez policiais militares e um inspetor da Polícia Civil para intimidar dirigentes de cooperativas e obter lucros através da cobrança de taxas ilegais. Na Cooperativa de Transporte Alternativo do Pacheco e Sacramento (Coopasa), da qual André é presidente, o lucro chegaria a R$ 100 mil por mês.

Foram apreendidos R$ 25 mil, cheques, um trator, documentos, uma escopeta calibre 12 e um revólver. O que mais chamou a atenção dos policiais foi um cassetete com a palavra "estatuto" escrita em tinta branca.

"Isso simboliza a demonstração de força que eles tentavam impor em São Gonçalo", frisou Barucke. Mota e seu filho negaram as acusações e se disseram vítimas de perseguição política. O presidente da Câmara local, Dilvan Aguiar (DEM), disse que os vereadores vão se reunir hoje para avaliar a situação.

O vereador e o filho foram indiciados por formação de quadrilha, ameaça, constrangimento ilegal, estelionato, coação no curso do processo e extorsão. A pena total por esses crimes chega a 23 anos.

Prisão - Mota e André foram presos por volta de 7h nas casas onde moram, nos bairros gonçalenses Bandeirante e Ponte Seca, respectivamente. Amparados por dois mandados de prisão temporária e outros nove de busca e apreensão - expedidos pelo juiz João Guilherme Chaves Rosas Filho, da 3ª Vara Criminal de São Gonçalo - 20 policiais montaram a operação naquele município e em Itaboraí.

Eles apreenderam documentos e computadores na casa do vereador, do filho e em outras cinco cooperativas supostamente ligadas a eles. O dinheiro estava na casa de Mota e na sede da Copasa, no Pacheco.

Barucke informou que, há um ano, foi iniciada uma investigação sobre a disputa pelo controle das vans na cidade, que nos últimos anos teria provocado a morte de 50 pessoas.

Denúncias - O nome de Mota – ex-motorista de "lotadas" que se elegeu vereador em 2004 com ajuda da categoria – surgiu através de denúncias anônimas chegadas à Secretaria de Segurança e ao Ministério Público em 2006.

"Mota usava sua influência política e tinha em seu filho uma pessoa de confiança para controlar esses policiais e, assim, conseguir lucros", disse Barucke.

Segundo o policial, a influência exercida pelo vereador na cidade seria tão grande a ponto de Mota ter conseguido indicar dirigentes para suceder dois líderes de cooperativas assassinados a tiros: Maurício dos Santos Silva, da Santa Isabel, em 2004, e Luiz Cláudio Ribeiro, da Vanguarda, em 2006. Barucke, no entanto, disse não ter elementos para estabelecer a ligação de Mota e do filho com os dois crimes.

Cabo da PM na mira

O delegado Fábio Barucke indiciou por formação de quadrilha outras três pessoas no inquérito sobre a suposta "guerra de lotadas": um deles é cabo do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) e os outros dois são dirigentes da Fecotral e de uma cooperativa de São Gonçalo.

"Já tenho elementos para pedir a prisão preventiva do Mota e do André", afirmou o delegado.

Equipes da 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (2ª DPJM) estão auxiliando Barucke nas investigações sobre o PM, Segundo ele a escopeta apreendida estava na casa do cabo da PM, em São Gonçalo. O revólver 38 e vinte munições desse calibre foram encontrados na residência de André - a arma é registrada na Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos (Dfae).

O delegado vai enviar cópias do inquérito para as corregedorias das polícias Civil e Militar a fim de que se estabeleçam investigações paralelas.

Trator – Havia até um trator na relação do material apreendido. Segundo o delegado, o veículo estava na Copasa e foi comprado recentemente para "lavar" o dinheiro arrecadado ilegalmente dos cooperativados. Além dessas taxas, Mota e André, ainda de acordo com Barucke, também cobrariam por "licenças" de vans municipais e intermunicipais.

A taxa para liberar uma van no itinerário São Gonçalo-Rio chegaria a R$ 3 mil. Barucke informou que fiscais do Detro - órgão vinculado à Secretaria Estadual de Transportes - foram ouvidos e desmontaram as versões supostamente dadas pelo vereador e o filho aos subordinados.

Sob escolta de fuzileiros

Sargento reformado da Marinha, Mota foi levado, sob escolta de fuzileiros, para a carceragem do 1º Distrito Naval. Seu filho foi transferido para a carceragem da 73ª DP (Neves).

Mota da Copasa defendeu-se das acusações do delegado e negou integrar a "máfia das vans" se dizendo vítima de uma perseguição política.

"Fiz denúncias na área de Saúde em São Gonçalo. Tenho um trabalho voltado para a população", afirmou.

Agressão - A repórter-fotográfica Priscila Marins, de O FLUMINENSE, foi agredida, ontem à tarde, na porta da 74ª DP (Alcântara). Ela registrou queixa na distrital e fez exame de corpo de delito no Posto de Polícia Técnica de São Gonçalo.

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