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Denúncia contra filho de Edison Lobão é apurada no Senado

Comissão recebe representação sobre suposta irregularidade em concessão de TV

Empresário Edison Lobão Filho (DEM-MA) assumirá vaga na Casa, se o pai virar ministro; irregularidades são negadas pelo suplente

HUDSON CORRÊA
ADRIANO CEOLIN

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se o senador Edison Lobão (PMDB-MA) assumir o comando do Ministério de Minas e Energia, o seu filho e suplente, o empresário Edison Lobão Filho (DEM-MA), assumirá a vaga do pai com dois problemas: a acusação de usar laranja para ocultar dívidas e uma representação, que tramita no próprio Senado, apontando suposta irregularidade na concessão de rádio e TV de suas empresas.

A acusação de que Lobão Filho transferiu ações de uma empresa de bebidas para o nome de uma empregada doméstica, usada como laranja, levou o PSDB e o DEM a pedirem explicações.

Maria Luiza Thiago de Almeida, ex-sócia da distribuidora de bebidas Bemar, afirma que em 1999 as ações de Lobão Filho na empresa foram transferidas para a empregada doméstica dela, Maria Lúcia Martins, com o uso de procuração e documentos falsos.

A intenção de Lobão Filho seria fugir de dívidas do fisco, o que ele nega. O caso foi revelado pela revista "Veja".

Lobão Filho afirma que transferiu as ações a pessoas indicadas pelo seu então sócio Marco Antonio Pires Costa, ex-marido de Maria Luiza, e diz que apresentará hoje documentos provando sua versão.

Segundo Maria Luiza, a dívida da Bemar com o fisco é de R$ 7 milhões e com o Banco do Nordeste, de R$ 5 milhões.

Outro caso envolvendo o filho do provável ministro está no Senado. Em agosto de 2007, a Procuradoria Geral da República mandou ao Senado cópia de representação feita pelo Sindijori (sindicato de trabalhadores em empresas jornalísticas) "noticiando possíveis irregularidades na concessão pública para exploração de radiodifusão pela Rádio Curimã e TV Difusora (repetidora do SBT)", empresas de Lobão Filho.

O Ministério Público Federal no Maranhão investiga se a TV foi irregularmente arrendada a uma ONG, o Idetec (Instituto de Desenvolvimento Tecnológico), do Rio de Janeiro.

Via assessoria, Lobão Filho nega qualquer ilegalidade. Informou que somente o setor comercial da emissora foi entregue a terceiros.

A Mesa Diretora do Senado encaminhou a cópia da representação à Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática.

Apesar de ter chegado no dia 10 de agosto à comissão, o processo ainda está na fase de designação de relator, segundo o sistema da Casa para acompanhamento de processos.

O presidente da comissão, senador Wellington Salgado (PMDB-MG), afirmou que não se lembra de ter visto a representação. Salgado disse que o relator vai ser indicado normalmente, mas não será senador do partido de Lobão Filho, o DEM. A posição da comissão, diz Salgado, será imparcial.

O PSOL estuda ingressar com uma representação contra Lobão Filho. Único senador pelo partido, José Nery (PA) disse ontem que pediu à consultoria jurídica da legenda para apurar as denúncias e ver se é o caso de uma representação por quebra do decoro no Conselho de Ética depois que o empresário assumir a vaga.

A cautela deve-se ao fato de que o Senado tem se negado a apurar supostas irregularidades cometidas antes da posse.

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