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Assessor depõe e aponta outra auxiliar da ministra

Espião da Casa Civil diz que repassou as informações "por engano"



Brasília

Depois de afirmar que a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, é responsável pela montagem do dossiê com gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o assessor parlamentar André Fernandes também envolveu, ontem, outra servidora ligada à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na montagem do dossiê.

Fernandes disse que Erenice determinou à chefe da Diretoria de Recursos Logísticos do órgão, Maria de La Soledad Castrillo – conhecida como Marisol –, a responsabilidade por coordenar o grupo que montou o dossiê.

Fernandes, que trabalha no gabinete do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que os nomes de Erenice e Marisol foram revelados por José Aparecido Nunes Pires, ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, de quem recebeu o dossiê com os gastos de FHC. O assessor reiterou, em diversos momentos, durante depoimento que presta à Comissão Parlamentar de Inquerito Mista (CPI) dos Cartões Corporativos, que Aparecido lhe fez as revelações durante almoço no Clube Naval de Brasília, depois de receber o dossiê.

Mais detalhes

O assessor disse que o almoço ocorreu a seu pedido porque queria saber "detalhes" sobre a montagem do dossiê. Segundo Fernandes, Aparecido chegou "nervoso" na ocasião, mas acabou revelando os nomes de Erenice e Marisol. Fernandes disse à CPI que, além do ex-secretário, outros dois servidores que têm ligação com os dois participaram do encontro.

– Nélio Lacerda Wanderlei, diretor do Ministério do Planejamento, e Marco Pólo, servidor do (Tribunal de Contas da União (TCU) cedido ao Senado – disse.

Segundo o assessor, os dois servidores são testemunhas do que Aparecido afirmou durante o almoço.

– Não posso responder por eles. Mas que ele (Aparecido) falou, falou – assegurou.

Outra versão

O ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil José Aparecido Nunes Pires, por sua vez, disse que enviou "por engano" a Fernandes o arquivo com o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso

– Minha intenção era apenas de anexar o arquivo 'hoje' – procurou explicar . Se anexei a planilha 'excel', não houve dolo, má fé, ou nem isso ocorreu de maneira deliberada. Se anexei, foi por descuido, erro humano. Não admito que enviei o e-mail induzido por qualquer motivação. Se tivesse a intenção de passar esses dados, o faria por CD, disquete ou pen drive", disse.

O ex-secretário também isentou a ministra Dilma Rousseff e sua secretária-executiva na operação de montagem do dossiê.

– Nunca conversei sobre esse assunto com Erenice Guerra e a ministra Dilma – enfatizou.

Negou, ainda, que no e-mail enviado para Fernandes com o dossiê, tenha anexado qualquer mensagem com referência ao conteúdo do anexo, contradizendo o que o assessor parlamentar disse em seu depoimento.

Assim como Fernandes, Aparecido disse que rompeu a amizade com o assessor parlamentar após o episódio do dossiê.

– Conheço o André desde a instalação do governo paralelo – afirmou. Quando deixou o então governo do Distrito Federal e foi trabalhar para outros partidos como consultor legislativo, passamos a ter posições políticas divergentes. Eu o considerava como amigo até esse episódio que estamos tratando.

O depoimento de Aparecido foi interrompido e recomeça hoje. O ex-secretário da Casa Civil confirmou que almoçou com Fernandes em março, depois de encaminhar o anexo no e-mail, quando disse ter negado sua intenção de vazar a planilha de gastos. "Em almoço no dia 21 de maço, ele me disse que tinha rumores que tinha vazado essa planilha, ocasião em que o contestei veementemente. Eu não repassei informação alguma à imprensa", enfatizou.

Funcionários

O ex-secretário de controle interno da Casa Civil disse que recebeu do secretário de administração da Casa Civil, Norberto Temóteo, pedido para ceder dois funcionários da sua área para participarem da montagem do "banco de dados" com gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Aparecido negou que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ou a secretária-executiva da pasta, Erenice Guerra, tenham solicitado a montagem do dossiê.

Disse que conversou com Dilma somente "três vezes" desde que a ministra assumiu o cargo.

Com Erenice, Aparecido disse que mantém um diálogo "mais freqüente", mas negou que tenha discutido com ela a montagem do dossiê.
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