Presidente visita região atingida pela chuva e critica prefeitos que pedem verba de emergência, mas não prestam contas; mortos já são 27
Quatro Estados registram mais 11 mortes; enchentes fazem subir para 138 mil o número de pessoas fora de casa desde sexta-feira
DA AGÊNCIA FOLHA
No dia em que o número de mortes no Nordeste chegou a 27 em razão das fortes chuvas que atingem a região desde o início de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os prefeitos que pedem verbas em situações de emergência, mas não apresentam projetos nem prestam contas dos recursos recebidos.
Para Lula, que visitou ontem o Nordeste, "o que faz facilitar a liberação de recursos não é a emergência, mas o projeto".
"Não adianta desespero [para pedir verbas]. Nessa hora, é como a gente tratar de uma pessoa que chegou baleada ao hospital. A primeira medida não é tirar a bala. A primeira medida é estancar o sangue", afirmou Lula, durante reunião com prefeitos de cidades atingidas e com o governador Wellington Dias (PT), do Piauí, um dos Estados mais afetados.
"Vocês estão lembrados da última enchente que deu no rio São Francisco. Já faz, acho, uns cinco anos, e, até hoje, tem cidades que não conseguiram dinheiro. Por que não conseguiram dinheiro? Porque na hora em que o ministro libera parte do dinheiro, a segunda parte só pode ser liberada com a prestação de contas da primeira. Se não prestou contas, não tem como liberar", disse.
O presidente esteve com famílias atingidas pelas cheias em Teresina, sobrevoou de helicóptero áreas alagadas pelo rio Poti na capital piauiense e visitou dez famílias abrigadas em um centro social.
Novas mortes
Quatro Estados do Nordeste confirmaram ontem mais 11 mortes em razão das chuvas. O mau tempo também fez aumentar de 80 mil para 138 mil o número de pessoas fora de casa desde sexta-feira. A previsão é de mais chuvas nesta semana.
A maioria dos desabrigados (que estão em abrigos públicos) e desalojados (que estão em casa de parentes e amigos) vivia nas margens de rios que transbordaram, segundo as defesas civis dos Estados.
O Maranhão, Estado mais atingido, confirmou mais duas mortes. Desde o início de abril, já são oito mortos no Estado. Até a tarde de ontem, cerca de 50 mil estavam desabrigados e desalojados em 52 municípios.
Na Bahia, a Defesa Civil de Salvador relatou quatro mortes ontem. Um deslizamento de terra matou três. Uma criança também morreu afogada em um riacho. Segundo a Defesa Civil, outras quatro pessoas ficaram feridas na cidade.
No Ceará, três pessoas morreram afogadas no fim de semana no norte do Estado. O número de pessoas que tiveram de sair de casa subiu de 18 mil para 21 mil. Sete pessoas já morreram afogadas ou eletrocutadas e 112 se feriram. Na Paraíba, dois homens morreram afogados, também no fim de semana, em cidades do sertão.
Norte
A Defesa Civil do Pará disse que já são 32 mil famílias prejudicadas pelas chuvas no Estado. O governo paraense disse que enviará 10 mil cestas básicas para os atingidos.
(MATHEUS MAGENTA, GUSTAVO HENNEMANN, RENATA BAPTISTA, SÍLVIA FREIRE e JOÃO CARLOS MAGALHÃES)
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