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SuperVia: acidentes e descaso oferecem riscos à vida de passageiros

Sem garantia de segurança, população enfrenta atrasos e superlotação nos trens


Louise Rodrigues* | Jornal do Brasil

Como faz todos os dias, Edson Martins de Barros, 37 anos, auxiliar de radiologia, pegou o trem na estação Marechal Hermes com destino a Realengo, onde trabalha. Ao descer, Edson, que é cego, não recebeu nenhuma orientação dos funcionários da SuperVia e caiu no vão entre o trem e a estação. Na queda, feriu a boca e quebrou o braço.

Alguns minutos após o acidente, passageiros e seguranças ajudaram o auxiliar de radiologia, que foi encaminhado para o Hospital Estadual Albert Schweitzer, em Realengo. No mesmo hospital, foram atendidos três passageiros da composição que descarrilou próximo à estação de Deodoro na manhã desta segunda-feira. Este é o retrato do descaso da SuperVia com os usuários das linhas de trem: Edson não estava na composição que descarrilou, foi apenas uma “coincidência”, como definiu o auxiliar de radiologia.

Composições superlotadas, atrasos e falta de qualificação no atendimento são enfrentados todos os dias pelos cariocas que pagam R$ 2,90 nas passagens de trem. Quem precisa pegar o “Ônibus Baixada” ou o Metrô, paga mais R$ 2,35. A viagem, que pesa no bolso do brasileiro, nem sempre transcorre em perfeita paz. Em janeiro deste ano, um trem que seguia da Central do Brasil para Saracuruna descarrilou quando chegava à estação São Cristóvão, às 5h15. Na ocasião, um poste caiu e derrubou a estrutura da rede aérea no local, comprometendo o trecho entre a Mangueira e Central do Brasil.

As três vítimas do descarrilamento dos trens na estação Deodoro encaminhadas para o Hospital Estadual Albert Schweitzer foram atendidas, fizeram raio-X, foram medicadas e liberadas. Pacientes que aguardavam atendimento na emergência disseram que os médicos estavam atendendo normalmente e que a espera durava pouco. Já a fila para o raio-X estava maior e o tempo de espera também.

O Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes também recebeu vítimas do acidente da Estação Deodoro. Lá, a professora Michele Leite, 58 anos, esperava o atendimento na emergência. “Hoje o atendimento não está demorado. Estou acompanhando minha neta e, assim que nós chegamos, ela entrou para a triagem. Aqui nem sempre é assim. Já vim outras vezes, sozinha, com meu marido e até meus filhos e fiquei horas esperando. Hoje nós demos sorte”, contou a professora.

Como declarou Michele, o carioca vive de "sorte" nos hospitais estaduais. Após a inauguração das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o movimento nos hospitais acabou divido. Contudo, em nenhuma das duas opções, o atendimento é o ideal. Equipamentos quebrados e a falta de médicos são cada vez mais comuns e os pacientes se surpreendem quando são bem atendidos.

O descarrilamento do trem atrasou a viagem de outros passageiros e a situação foi normalizada mais de duas horas depois do acidente, segundo a SuperVia. Por volta das 18h, como de costume, algumas estações apresentavam superlotação e atrasos.

* Do Projeto de Estágio do Jornal do Brasil


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