É o fim da picada! Deputado estadual do PT, um ex-presidiário e aliado do secretário de transportes de Haddad, participou em março de reunião com membros do PCC que, segundo a Polícia, planejavam ataques a ônibus
Reinaldo Azevedo | Veja
Atenção, leitores! A história que vem agora é do balacobaco! No primeiro dia da greve dos motoristas de ônibus em São Paulo, na terça, eu tinha recebido uma informação certa, mas não consegui a prova, de que, no dia 17 de março, no auge dos incêndios a ônibus em São Paulo, a 6ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro havia estourado uma reunião na sede da Cooperativa Transcooper, em Itaquera, na Zona Leste, em que membros do PCC planejavam as ações criminosas. Sabem quem estava presente ao encontro? Ninguém menos do que o deputado estadual petista Luiz Moura (PT-SP), que estaria lá na condição de “convidado”. É este senhor aqui.
Muito bem! Ontem, critiquei duramente no blog o secretário de Transportes da cidade, Jilmar Tatto. Em vez de tentar articular uma resposta para o caos da cidade, ele concedeu uma entrevista atacando a PM, acusando-a de fazer corpo mole, como se policiais militares pudessem sair por aí conduzindo ônibus. Eu tinha, sim, a informação certa sobre a participação do tal deputado naquela reunião da bandidagem, mas não a prova. Mesmo assim, não os deixei na mão. Publiquei, então, o que segue em vermelho:
“ (…) Terei eu de lembrar que Jilmar Tatto tem dois aliados importantes que são, digamos assim, ligados à área de transporte? Um é o deputado estadual Luiz Moura, um ex-presidiário que não cumpriu os 12 anos a que estava condenado porque se tornou um fugitivo. Hoje, é deputado petista. Outro é Senival Moura, vereador, também do partido, irmão de Luiz.
O agora deputado estadual se fez líder dos perueiros, uma área que a família Tatto conhece muito bem.”
E lembrei, então, trecho de uma reportagem da VEJA publicada em 2006, a saber (em azul):
Há três semanas, a polícia prendeu Luiz Carlos Efigênio Pacheco, presidente da Cooper Pam, uma das principais cooperativas de perueiros da capital paulista, suspeita de ligação com a organização criminosa. Conhecido como “Pandora”, o perueiro é acusado de ter financiado, com dinheiro de lotações, uma tentativa frustrada de resgate de preso de uma cadeia de Santo André (região do ABC paulista), em março passado. Detido, ele negou pertencer ao crime organizado, mas admitiu a infiltração do PCC no setor perueiro e disse que foi por ordem de Jilmar Tatto, ex-secretário de Transportes da prefeita Marta Suplicy, que sua cooperativa incorporou integrantes da organização criminosa.
Rasgando o verbo
A informação que eu tinha estava certa. Em entrevista ao programa do apresentador José Luiz Datena, da Band, Márcio Airth, secretário de comunicação do governo de São Paulo, rasgou o verbo. A operação aconteceu mesmo! A reunião da bandidagem, de fato, estava em curso, e o objetivo era planejar novas ações contra ônibus na cidade. Um dos “convidados” para o evento era o deputado estadual petista Luiz Moura, ex-presidiário (condenado a 12 anos) e ex-fugitivo, que se reinventou como líder dos perueiros, que foi como conheceu Jilmar Tatto, ligado ao setor.
Aith foi adiante e afirmou que, em março, no curso da investigação dos ataques, a polícia solicitou diretamente a Tatto a relação de empresas que atuam no setor de transportes público. “Ele [Tatto] é o primeiro a dizer que a polícia é truculenta e se excede, mas, quando interessa a ele barrar uma investigação, como de fato ele barrou, ao não responder ao delegado, ele fica quieto. A polícia poderia investigar muito mais se o deputado Jilmar Tatto tivesse feito o trabalho dele, respondido ao ofício e chamado a atenção do colega deputado dele para que não comparecesse a locais que não são recomendáveis a qualquer pessoa pública”.
Nas moscas, né?
Tatto falou no mesmo programa e disse que nunca soube da reunião. Pois é… Soube, sim, né, secretário? O senhor sabe que sim! A informação lhe foi passada pela própria polícia. O secretário não revelou por que não passou a lista que a Polícia lhe pediu. Limitou-se a dizer: “Eu falo por mim”. E desconversou: “Não me parece adequado, num momento desses, tentar imputar a mim qualquer atitude, ação de atrapalhar investigação. Ao contrário, estou inteiramente à disposição”.
Então tá. Entre os convocados para aquela reunião a que compareceu o deputado estadual petista estava, ora vejam, Carlos Roberto Maia, vulgo Carlinhos Alfaiate, ladrão de bancos então foragido. Ontem, a imprensa não conseguiu achar Luiz Moura.
Tudo gente fina!
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