Magistrada anulou nesta quinta-feira, 9, a nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência; em março de 2016, Regina Coeli Formisano foi autora de uma das liminares contra a posse de Lula na Casa Civil
Gilberto Amendola | O Estado de S.Paulo
“Ao mestre com carinho.” É com essa última e singela ironia que a juíza Regina Coeli Formisano finaliza a justificativa de concessão da liminar que anulou nesta quinta-feira, 9, a nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Mas a citação ao filme inglês de 1967, dirigido por James Clavell e estrelado por Sidney Poitier, foi apenas a “cereja do bolo” da peça escrita pela juíza – que em março de 2016 também foi a autora de uma das liminares contra a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil.
O presidente Michel Temer e Moreira Franco na posse de ministros | Foto: André Dusek/Estadão |
Na justificativa, ela afirma não ver outra razão para tal nomeação “a não ser a possibilidade de conferir foro privilegiado ao senhor Moreira Franco” em razão das citações na delação da Odebrecht na Lava Jato.
O texto da juíza ainda faz referência ao estilo rebuscado e repleto de mesuras do presidente: “Peço, humildemente, perdão ao presidente Temer pela insurgência (...) Perdoe-me por ser fiel aos seus ensinamentos ainda gravados na minha memória, mas também nos livros que editou e nos quais estudei”.
Mas o tom de falsa bajulação é logo substituído por uma clara provocação. “Por outro lado, também não se afigura coerente, que suas promessas ao assumir o mais alto posto da República sejam traídas, exatamente por quem as lançou no rol de esperança dos brasileiros, que hoje encontram-se indignados e perplexos ao ver o seu presidente adotar a mesma postura da ex-presidente impedida e que pretendia também blindar o ex-presidente Luiz Ignácio (sic) Lula da Silva”, afirma a juíza.
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