Do G1, em São Paulo, com informações da Agência Estado
O senador Renan Calheiros (PMDB) e o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) firmaram uma parceria política que parecia inabalável. Atingida em cheio pela Operação Navalha, a dobradinha alagoana que começou na eleição ao Senado em 1994 perdeu, pela primeira vez, a força que os unia.
Nos últimos dias, viram assessores e indicados sendo presos, suas vidas reviradas do avesso e a revelação de patrimônios escandalosos para o estado com um dos maiores índices de pobreza do país.
A dobradinha criou um feudo na Secretaria de Infra-Estrutura do Estado. Desde Olavo Calheiros, irmão de Renan e atual deputado federal, até Adeílson Bezerra, indicado pelo clã Calheiros, todos os ocupantes da pasta tinham de ser homens de sua confiança.
Cinco dos oito alagoanos presos na Operação Navalha eram ou foram secretários e funcionários da secretaria ou de órgãos ligados a ela. Segundo a Polícia Federal, os acusados se especializaram em ajudar a Construtora Gautama a desviar recursos públicos em Alagoas.
Adeílson foi flagrado pela PF em conversas que revelavam acertos milionários de obras para a empresa de Zuleido Soares Veras. Ele teria recebido R$ 145 mil da Gautama para liberar R$ 3,16 milhões, há dois meses. O dinheiro seria utilizado na Pratagy, um sistema de abastecimento de água para a capital cujas obras se arrastam há décadas.
Pelas escutas da PF, Zuleido chegou a pressionar Teotônio e Renan pela liberação de recursos retidos pela Secretaria de Infra-Estrutura. O contrato para a construção da barragem Duas Bocas/Santa Luzia, no Rio Pratagy, era de R$ 77 milhões e, por meio de medições fraudulentas, a Gautama reclamava R$ 15 milhões.
No local, há uma obra de terraplanagem incompleta, máquinas abandonadas, sem vigilância, tubulações largadas e nenhum benefício para a população até hoje. Ou seja, a empreiteira cobrava por uma obra paralisada. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
O governador Teotônio Vilela, o senador Renan Calheiros e o ex-secretário Adeílson Bezerra negam qualquer ligação com a construtora Gautama. "Ele (Zuleido) tem obras em Alagoas e não tem nenhuma influência no governo do estado", disse o governador de Alagoas no dia 23.
Bezerra diz que jamais recebeu propina para beneficiar a Gautama. "Estou pensando que foi mais uma montagem, porque não deram o flagrante logo aqui. Eu pergunto à Polícia Federal de onde vem essa ilação de eu ter recebido esses R$ 145 mil. Isso não existe nem nunca existiu", afirmou Bezerra ao G1.
Já Renan disse no dia 29, por meio de sua assessoria, que não há nenhuma irregularidade na conversa com um dos presos durante a Operação Navalha. Renan afirmou que não há nada de errado na conversa e que tem o "dever de lutar pela liberação de verbas e recursos para Alagoas".
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