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Assessor desmente Silas Rondeau

Ex-ministro nega encontro com Zuleido, mas Ivo Costa cita pelo menos uma reunião entre eles Fernanda Odilla

Da equipe do Correio Braziliense

Em busca de contradições e novas pistas para a Operação Navalha, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão debruçados sobre os 52 depoimentos prestados nos últimos dias ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os investigadores e procuradores não vão precisar se esforçar muito para flagrar diferentes versões para um mesmo fato.

Análise dos depoimentos sugere que o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau, o ex-assessor do ministério Ivo Almeida Costa, a diretora da Guatama Maria de Fátima Palmeira e o empresário Sérgio Sá combinaram uma única versão para enterrar a suspeita de que todos participaram do pagamento de R$ 100 mil em propina dentro do Ministério de Minas e Energia. Faltou, contudo, combinar os detalhes.

Todos os quatro disseram que Fátima foi ao ministério para tratar de uma obra no gasoduto de Urucu, no Amazonas. Mas não explicam por que a reclamação da Gautama não foi protocolada nem o motivo de Fátima ter procurado o ministério, sendo que somente a Petrobrás poderia resolver a questão.

As quatro versões sobre as relações da Gautama com a pasta de Minas e Energia também guardam contradições e lacunas.

A começar pela comparação entre as declarações de Silas Rondeau e de Ivo Costa. Na última quarta-feira, Rondeau declarou ao STJ que “não conhecia a empresa Gautama principalmente porque não se trata de uma empresa do setor elétrico e sim da construção civil”. Ivo Costa, por sua vez, revelou que conheceu Zuleido Veras porque o dono da Gautama foi ao ministério para “tratar de empreendimentos na área de participação do programa Luz para Todos”. Zuleido teria demonstrado ainda interesse em “empreendimentos da área de energia elétrica no estado de Goiás”.

Frente a frente

Uma eventual acareação entre os dois ex-integrantes do Ministério de Minas e Energia também renderia mais contradições. Rondeau contou à ministra Eliana Calmon, do STJ, que conheceu Zuleido Veras, dono da Gautama, numa inauguração no Mato Grosso. Mas declarou ainda que não existe registro de encontro entre ele e Zuleido no gabinete do ministério. Ivo Costa foi claro: “Zuleido só esteve uma única vez com o ministro, juntamente com Sérgio”.

Sérgio, é Sérgio Pompéu Sá, empresário e, segundo ele, prestador de serviços exclusivo da Engevix, uma “empresa de engenharia consultiva”. Bem relacionado no ministério, Sá também caiu em contradição. Ele disse no depoimento ao STJ que não intermediou o encontro de Fátima e Zuleido com o assessor Ivo Costa. Fátima, no entanto, deu outra explicação à Justiça: “Conheceu o dr. Ivo, assessor do ministro, por intermédio de Sérgio Sá”.

Fátima e Sérgio Sá também divergem nas explicações sobre um diálogo que ouviram na audiência com a ministra Eliana Calmon. Na conversa gravada pela Polícia Federal com autorização judicial, eles falam sobre a ida de Fátima ao ministério. Visita realizada quatro dias depois de Fátima ter sido flagrada pela PF no aeroporto de Brasília passando uma sacola vermelha para o gerente administrativo da construtora, Florêncio Veira. Depois de ir ao banheiro com a sacola, ele, que havia ido a um banco antes de voar de Salvador à capital federal, a devolveu para Fátima com, segundo a PF, os R$ 100 mil.

A entrada e a saída da diretora da Gautama no Ministério de Minas e Energia foram registradas pelas câmeras de segurança. A diretora da construtora contou no depoimento que recebeu uma ligação de Sá — que estava com Ivo Costa no ministério — dizendo que ela deveria ir até lá, levar “documentos”.

Disse ainda que Sérgio Sá a orientou sobre qual entrada deveria usar. Ela não soube explicar por que ele a mandou não se identificar na portaria. Mas garantiu que Sá a esperava na porta de acesso aos gabinetes do ministro e dos assessores.

Sérgio Sá, por sua vez, apresentou três versões sobre a visita da diretora da Gautama ao ministério. Primeiro, disse que se encontrou “casualmente”. Depois disse que estava com Ivo Costa, quando o assessor interrompeu a audiência para atender Fátima. Por fim, afirmou que saiu antes de Fátima chegar, não se encontrou com ela nem no elevador.

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