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Compadre de Lula pagava propina a policiais, diz PF

Dario Morelli Filho, preso na Operação Xeque-Mate, pagava para manter caça-níqueis

Morelli, que está preso, mantinha a empresa Deck Vídeo Bingo, em Ilhabela; à PF, ele negou que tenha pago propina aos policiais

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Relatório da Polícia Federal que integra a Operação Xeque-Mate, desencadeada na semana passada em Mato Grosso do Sul e São Paulo, aponta que Dario Morelli Filho, militante do PT e compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "é o responsável por fazer o pagamento de propina aos policiais corruptos" em Ilhabela (SP).

Segundo a PF, "em contrapartida, os policiais não reprimem a atividade ilícita de exploração de jogos de azar".

Morelli está preso em Campo Grande (MS) junto com outros suspeitos, entre os quais, Nilton Cézar Servo, com quem dividiria a propriedade da sala de Ilhabela, chamada de "Deck Vídeo Bingo". A empresa, registrada, segundo a PF, em nome de um "laranja", rendia diariamente R$ 1.000 para Servo e Morelli, segundo gravações de conversas telefônicas.

Interceptações feitas pela PF com ordem judicial indicam que os policiais eram remunerados por Morelli na própria empresa. Em 15 de março, um policial civil identificado como "Beto" disse a Morelli que Servo lhe orientou a passar na empresa no dia 17.

Morelli respondeu que ele podia aparecer naquela mesma tarde, para "pegar um quilo de tomate" - que a PF interpreta como sendo R$ 1.000.

Numa ligação de 7 de maio, Morelli disse ao mesmo "Beto", após perguntar sobre possíveis operações repressivas da polícia, que iria "deixar uma nota" para ele retirar na empresa, e na semana seguinte deixaria outra.

As gravações revelam que "Beto" e outro policial conhecido apenas como "Rubinho" alertavam a empresa sobre eventuais operações policiais na região.

Numa chamada de 4 de maio último, "Rubinho" ligou para Morelli para dizer que "a Federal está atravessando [o canal] para a ilha" para fiscalizar os estabelecimentos comerciais que exploram as máquinas caça-níqueis.

Uma hora depois, Morelli ligou para o policial para perguntar de onde veio a informação e saber mais notícias. "Rubinho" contou que partiu de outro policial, que recebeu a dica pelo telefone celular.

Naquele mesmo dia, a mulher de Servo, Maria Dalva, telefonou para Morelli para dizer que a PF fazia batidas em Ilhabela. Morelli orientou que ela "falasse com a Polícia Federal".

Em seguida, Morelli telefonou para seu gerente, Tiago, para dizer que o policial "Rubinho" telefonara para alertar que a PF estava retirando as máquinas de rua (caça-níqueis instalados em bares e lanchonetes) e possivelmente iria retirar as da "Deck Vídeo Bingo".

No depoimento que prestou à PF no inquérito da Operação Xeque-Mate, Morelli afirmou que "só uma vez" os agentes "Beto" e "Rubinho" forneceram informações sobre a fiscalização da PF, mas "de forma vazia" porque "ouviram falar". Disse conhecer os policiais há três ou quatro meses, mas negou que lhes pagasse propina.

Morelli negou ter "agido politicamente" para obter a transferência de um delegado, conhecido como Tibiriçá, de Ilhabela.

Novamente indagado pelo delegado federal Eder de Souza se houve pagamento de propina, Morelli resolveu permanecer em silêncio. Também não respondeu a perguntas sobre como era feito suposto pagamento de propina.

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